UNIVERSO TÉLMICO. 78
Risoleta C. Pinto Pedro e a portugalidade*
Paulo Jorge Brito e Abreu
(dedico o meu labor ao Arcano da Estrela)
«Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois
lavoura de Deus e edifício de Deus.» São Paulo, in «Primeira Carta aos Coríntios», 3: 9
De Risoleta C. Pinto Pedro (S. Vicente, Elvas, 14/ 07/ 1954), eu tenho, na minha banca de trabalho, o «Kronos Inversus», dado a lume, dessarte, por Edições Sem Nome. São, no fundo, 17 sonatas, ou sonetos, de aticismo e acribia. Ou seja, a libertária, o livre-pensamento, se casa, aqui, com a harmonia das esferas. E a Musa, amaviosa, se congraça e enlaça com a Santa Kabbalah. Como é já raro, em dias nossos, a Autora é uma Alumbrada, e a rima ajuda o lente a ficar alumiado. De Risoleta, então, eu digo o mesmo que disse, há vários lustros, sobre a Luz e a Liberdade de Carlos Carranca (Figueira da Foz, 09/ 11/ 1957 – Lisboa, 29/ 08/ 2019): Risoleta não foi nada para o banal, nem para o comando, ela nasceu para cantar, ou declamar, ao som de uma guitarra. Pra tudo embelezar, de boamente, ao seu derredor. Como ela diz, «verbi gratia», na lauda número 9: «Hoje leio os poetas que não penso, / Junto letras em modo de canção. / Em sonetos muitos, novos, os condenso, / Apoiado numa rima e num guião.» Ou seja, é, da Autora, é, da Risoleta, a monda e o mundo mágico-simbólico. Quero eu, afinal, aqui dizer: em mágica, ou ática, conotação, o significante, nesta cifra, determina e precede o significado. E o sujeito poético é, simultaneamente, espectáculo, trama, actor e espectador. E em «sacrum facere», portanto, Risoleta denomina, ela nomeia, o sagrado e o adro. E entre a vigília e o sonho, a Autora recebe, deveras, dos deuses, para dadivar, solerte, aos homens. Pitonisa, na verve, Risoleta, o deus Apolo mata a Píton, e Pitágoras é decerto o Áugure pítico. Ou como assevera, a sagrada, no último soneto: «Que aquilo que escrevo esqueça o atroz. / O que me inspirares seja limpo e sério, / Que andam as gentes em busca da voz / De amor, alegria, do santo mistério.» É uma vez, e uma voz, de alacridade, é a alegria fantástica das alegorias. É Risoleta que faz conciliábulo, e sempre e sempre em busca da acácia, do Arnaut (Penela, Cumeeira, 28/ 01/ 1936 – Coimbra, 21/ 05/ 2018), da Palavra perdida. Tamanha pureza só achamos, nós outros, em Minerva, ou Essénia, Fraternidade. Ou diríamos que é, na didascália, o escol e a escola da «Sophia» Portuguesa??? Quer ela razoar: a Lusitânia, aqui, é uma citânia de Luz. E como em poucos Poetas do nosso Portugal, as palavras, no carme, são seres vivos, Poesia é professar, e confessar, uma clarificação. Pois é, no Parténon, a lis e o lai do com-preender. E clareando, abertamente, na clareira do Ser.
Uma vez aqui chegada, prima, a Risoleta, por insólito e sinal, e eis, aqui, uma insígnia selecta: é «O Sol do Tarot de Sintra», é, no lausperene, o «Liber Mundi» perene. Sendo o Tarot, deveras, uma Arte Real, sendo a Poesia, tão-só, uma Arte magistral, e magnificente. Uma Arte em que os Numes são mitos e metáforas, o cabal, a Kabbalah e a Fonte Cabalina. As imagens, o magismo, o batel e a batalha do magista «Bateleur». E eis o símbolo, a irmandade, a «communio» presuntiva e por isso presente. Ou melhor: sendo animal metafísico, o homem é do Hermes o animal simbólico. E o «inversus» de que fala a Autora deste livro, ele não é, nada mais, que o Dependurado estreme. É aquele que se sacrifica por o alar, e o bem-estar, da comunidade. E é daí que nos vem o ofício do Poeta, é daí que nos advém a comunicação. A Filologia, Magia ou Metaciência, as imagens, os Mitos e as metáforas: é aqui que se situa, sitiada, a pitonisa e o palmar, a Risoleta Pinto Pedro. Sendo, as imagens, como infere o ledor, a letra e a linguagem, o meio de expressão do subconsciente. E sendo, o soar, a rima e «personare», e sendo, o soneto, a catarse e a purga. E se a métrica é do metro, Poesia é malabar, Poesia é portanto o matemático Arquitecto. Esse Arquitecto tudo fez, no início do mundo, de acordo com o número, o peso e a medida (Sb, 11: 20), e por isso as palavras, nesta Poesia, são pesadas, são pensadas, compensadas na prensa. Pois pensar é pôr o penso no fel e na freima, na ferida narcísica – e disso nos fala, com força, o Teatro, e disso nos falam Mistérios de Elêusis… A música, desse modo, é a Alma da Geometria. E a marcha está para a dança como está, a preste prosa, para a Poesia perene. Pois se Deus geometriza, segundo Platão (428/ 427 – 348/ 347 a. C.), o esquadro e o compasso são terminantes, relevantes, para o alor e a feitura da Obra do futuro. Ou como asserta Risoleta, na lauda 25: «O melhor, meu amor, é viver, é o sabor, / A água abençoada, e rir sem ser por nada / Até Deus memorar que também Ele é actor.» E sendo, o «Tarô», anagrama de «Ator». Que em Risoleta divisamos: não o fácil nem o fútil, não a cara, dessarte, mas as máscaras muitas. Um misto de similar, meu Deus, e simular, a «Alêtheia» que revoga o letargo e o Leteu. E em Psicodrama, isagoge, ou mistagogia, o fingir, desse modo, o laborar a ficção. O jogo, amavioso, que é só próprio do jogral. E o rimar, no romanço, e no preste romanceiro. Assim na terra, por isso, como no Céu: no Céu, desta sorte, com as Estrelas; na terra, cauta e culta, com as letras e o lais do «Kronos Inversus». Alterando, sempre e sempre, o soturno, invertendo o Saturno e a caducidade. Transmudando, como o faz o Saltimbanco, a verdade em mentira e a mentira em verdade: e eis, «verbi gratia», «O Sol nas Noites e o Luar nos Dias», e eis o fasto e o Fado, eis o lema e emblema da Natália Correia (Fajã de Baixo, São Miguel, Açores, 13/ 09/ 1923 – Lisboa, 16/ 03/ 1993). Quero eu dizer: se a Poesia, aqui, é superior à História, a Autora e actriz do «Kronos Inversus», ela faz, do seu drama, uma trama narrativa. Sendo a lenda, sempre e sempre, uma legenda. E lendo, com atenção, Risoleta, inferimos nós outros feericamente: não é a Arte que imita a vida, a vida, isso sim, é que imita uma Arte estreme. E a «imago» é pois magista, e tem no poster o «teenager» a guitarra do Cantor. «É que todos, / Sem o ser, se mascaram de Minerva», nos diz, na Musa, a maviosa, «São máscaras usadas como pele, / Indiferentes ao vírus tão temido / E tementes de quem com zelo vele. // Por isso os vejo da janela aberta / E não tento fingir o olhar contido, / Morto sob a máscara que me encoberta.» Pois seguindo, agora, e segundo Lord Byron (Londres, 22/ 01/ 1788 – Missolonghi, 19/ 04/ 1824), a mentira é a verdade duma mascarada, o Carnaval, no carme, é essência da Poesia. Quero eu dizer: Risoleta é lilial. Sua Poesia, forte e fértil, se baseia nas imagens, Poesia é qual a sorte dos jogos malabares. E voltamos a dizê-lo: as metáforas, os Mitos, as mentiras, uma guisa e uma laia de banda desenhada. Tem razão, por isso mesmo, o Robert Desoille (Besançon, 29/ 05/ 1890 – Paris, 10/ 10/ 1966): na escola, sideral, do sonho acordado, imaginar, então, é como fazer, e o «songe» é qual a sorte de mágica lanterna. Sendo, a Magia, o surto e o discurso do subconsciente. O subconsciente de Freud (Freiberg in Mahren, 06/ 05/ 1856 – Londres, 23/ 09/ 1939) e Janet (Paris, 30/ 05/ 1859 – Paris, 24/ 02/ 1947), a maior descoberta do século XIX; e aqui nós alteamos, realçamos e alçamos o Abade, luso-goês, José Custódio de Faria (Goa, Candolim, 30 ou 31/ 05/ 1756 – Paris, 20/ 09/ 1819). Ou seja: de acordo, curial, com Egas Moniz (Avanca, Estarreja, 29/ 11/ 1874 – São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 13/ 12/ 1955), também na Psicanálise Portugal é pioneiro.
E que mais, Amigo ledor? Com que símbolos, e signos, nos enleva Risoleta? O símbolo, acima de tudo, do livre-pensamento, ela o faculta, facilita e bem preste o habilita. Quero eu dizer: tal como no passo bíblico da escada de Jacob, o Morfeu informa Orfeu, e ela recebe do divino pra dadivar à Humanidade: é que o Nume é pois o número, e a Poeta, ao ser a porta, ela é, também, a pontifical. Ou melhor: a serpente mercurial ela preside, e reside, nesta Poesia. Pra Risoleta a Beleza, na linha de Schelling (Leonberg, 27/ 01/ 1775 – Bad Ragaz, 20/ 08/ 1854), é o invisível, indizível, tornado sensível, ela é o objectivar da Ideia platónica. Do Arquétipo, afinal, em termos e teores do Carl Gustav Jung (Kesswil, Turgóvia, Suíça, 26/ 07/ 1875 – Kusnacht, Zurique, Suíça, 06/ 06/ 1961). A talho de foice, seguindo e segundo Max Heindel (Aarhus, Dinamarca, 23/ 07/ 1865 – Oceanside, Califórnia, 06/ 01/ 1919), a palavra «Mação» tem origem no egípcio «Phree Messen», e significa, ou tipifica, os «Filhos da Luz». E quem acende, nas trevas, essa Luz, é sempre o primeiro a dela, e com ela, se beneficiar. Que Risoleta está, aqui, em missão, e a Luz é uma cruzada, uma Santa cruzada, que alenta e alimenta a razão animada, é ciência selecta, consciente e deveras saliente. Escrever isto é dizer: lindamente e ledamente, tem realizado, Risoleta, seminários e estudos sobre Fernando Pessoa (Lisboa, 13/ 06/ 1888 – Lisboa, 30/ 11/ 1935), Teixeira de Pascoaes (Amarante, 02/ 11/ 1877 – Amarante, Gatão, 14/ 12/ 1952), Agostinho da Silva (Porto, Bonfim, 13/ 02/ 1906 – Lisboa, 03/ 04/ 1994) e António Telmo (Almeida, 02/ 05/ 1927 – Évora, 21/ 08/ 2010). No que está, belamente, acalentada e companhada por Pedro Martins (Lisboa, 22/ 01/ 1971), Manuel Cândido Pimentel (Vila Franca do Campo, S. Miguel, Açores, 01/ 08/ 1961), António Cândido Franco (Lisboa, 13/ 07/ 1956) e Paulo Borges (Lisboa, 05/ 10/ 1959). Que é preciso prosseguir, propugnar e propalar o solerte 57, o Movimento, afinal, da Cultura Portuguesa.
E vamos, agora, à Numerologia. Se Risoleta foi nada a 14/ 07/ 1954, somando o dia com o mês obtém-se o número, deveras, da sua Missão. Ora 14 + 7 = 21, e 2 + 1 = 3. É o símbolo da comunicação, caroal, e da criatividade. Em suma: desenvolvendo, dessarte, o seu estético senso, a Autora torna mais belo tudo o que está ao seu derredor. Calculemos, então, seu Caminho da Vida: 1954 + 21 = 1975, e 1 + 9 + 7 + 5 = 22, que é o chamado Número Mestre. Esse é o número das vidas de António Manuel Couto Viana (24/ 01/ 1923 – 08/ 06/ 2010), Émile Coué (26/ 02/ 1857 – 02/ 07/ 1926), Sigmund Freud (06/ 05/ 1856 – 23/ 09/ 1939), Fernando Grade (Estoril, 01/ 04/ 1943), Mário Máximo (Lisboa, 19/ 09/ 1956), Karl Abraham (Bremen, 03/ 05/ 1877 – Berlim, 25/ 12/ 1925), Pierre Janet (30/ 05/ 1859 – 24/ 02/ 1947), Marie Curie (07/ 11/ 1867 – 04/ 07/ 1934), Maria da Conceição Valdez Telles de Menezes (Lisboa, 13/ 04/ 1958), Paul McCartney (Liverpool, 18/ 06/ 1942), Josemaria Escrivá de Balaguer (09/ 01/ 1902 – 26/ 06/ 1975), Zeca Afonso (02/ 08/ 1929 – 23/ 02/ 1987) e Annie Besant (01/ 10/ 1847 – 30/ 09/ 1933). E o Professor, professo, Agostinho da Silva (13/ 02/ 1906 – 03/ 04/ 1994). E, ademais, «last but not least», Tenzin Gyatso, Sua Santidade o 14.º Dalai Lama (Taktser, 06/ 07/ 1935). Sendo o 0, ou 22, o Arcano do Louco não é o parvo «stricto sensu», ele é o êxtase, a «divina loucura», o «puer aeternus» que existe no homem. É uma espécie de «pralaya», do Nirvana, do incriado, desta feita, e do incognoscível. Atentemos, dessarte, na ciência matemática: 22/ 7 = 3, 14, e este cálculo dá o Pi, que é o número irracional. Por isso o 22 é o número dos génios, é mirífico mergulho no inconsciente. Em contacto, nitente, com o inédito e o novo, o 22 funciona à margem das regras, mas é o Nume e o número dos Construtores das Catedrais. Ou melhor: oscilando entre a sabedoria e a despreocupação, ora eis aqui o símbolo dos que oram, e laboram, para toda a Humanidade. Que a lavra de Risoleta é falante e aflante, ela é causa de progresso, dinamismo e civilização. E o campo de acção dos 22 são os organismos políticos, os centros de poder, as gradas, grandiosas, instituições culturais. E sendo, o 22, o precursor e pioneiro, ora eis aqui o trilho do anticonformismo, da acracia, ou nos lemas e emblemas, ora eis aqui o número de Risoleta Pinto Pedro. E sendo a Cruz em forma de T, a 22.ª letra do alfabeto hebraico, ela é, afinal, a Cruz com asas egípcia, a «Crux ansata» do hermetismo e o «Ankh», afinal, do povo das pirâmides. E «Tau» significa, também, o «sendeiro» ou a «senda», quer dizer, o «caminho da Cruz». Se alia aqui, Pinto Pedro, à Sabedoria Divina: o Tau pertence, exclusivamente, aos Iniciados, e Adeptos, de cada país. De toda esta plêiade, bastariam os nomes de Marie Curie, Sigmund Freud e Annie Besant pra ilustrar, e fazer jus, ao número 22. Nunca será de mais dizê-lo: são 22 os Arcanos Maiores do Livro de Thoth, 22 são os capítulos do sagrado Apocalipse. Quanto à Annie Besant, deveras, ela tem que se lhe diga: além de presidir, de 1908 a 1933, à Sociedade Teosófica, ela fez parte, ou participou, na Ordem do Templo da Rosa-Cruz e, outrossim, na Ordem Maçónica Internacional «Le Droit Humain». E falemos, ora, falemos em termos de Numerologia Comparada. Sem salamaleque, dessarte, mas com cortesia, o filósofo e filadelfo Pedro Martins foi nado, ou nasceu, como já vimos, em Lisboa, em 22 de Janeiro de 1971. É que o dia de nascimento é crucial, e relevante, pra definir, dessarte, o carácter da pessoa. Senão, vejamos nós: o londrino Francis Bacon, que foi político, filósofo, empirista e cientista, ele tem, como data natal, 22 de Janeiro de 1561. E o grado Lord Byron nasceu, ou foi nado, em Londres, a 22 de Janeiro de 1788. Uma vez aqui chegado, medite o ledor: no dizer de João Belo (Cebolais de Cima, 25/ 06/ 1959), «não é por acaso que nada é por acaso». Tem o Vate, ledamente, a lúcida razão: é que no Pitagorismo, os números não são, somente, aleatórios, eles são grávidos e prenhes de carga simbólica. E nascendo, Risoleta, no dia 14, a sua vibração é 4 + 1 = 5. Quer dizer: mercuriana de gema, ela é uma artista nata. Versátil, curiosa, afectiva, deveras e imaginativa. Ela entusiasma-se, veramente, com as palavras e os sons; não sendo, propriamente, uma «outsider», ela é uma avigorada, apaixonada, por a Cultura Portuguesa. Ou não fosse, a lâmina 5, a carta, no Tarot, do Sumo Sacerdote, quero eu dizer, do letrado ou do «clerc». É que o Friedrich Hegel (Estugarda, 27/ 08/ 1770 – Berlim, 14/ 11/ 1831), ele tinha, dessarte, toda a razão: as grandes cousas, neste mundo, só se fazem com paixão. Como é facto e como é feito, a Arte, para o tudesco, ela é sita na esfera do Espírito Absoluto. E quanto, agora, à Risoleta? Não sendo geronte, por isso, mas deveras generosa, ela sente-se atraída por o novo, o exótico, o miráculo, dessarte, e o mirabolante. Queremos dizer: ela foge do cânon, da rotina e do ramerraneiro. Temperamento oblativo, ou imaginativo, é dada, dessarte, a pressentimentos, a capacidades oratórias e por isso premonitórias. Só assim se explica o fulgor, e alor, duma lavra que é sua, e só por isso no afã, e só na faina Risoleta se sente feliz. Meditemos, deveras, nós outros: António Quadros nasceu, ou foi nado, a 14 de Julho de 1923. António Gabriel de Castro e Quadros Ferro o Autor, o feitor e promotor de «Portugal, Razão e Mistério» (Março de 2020), «Portugal, Razão e Mistério» seu testamento literário. E foi, cabalmente, de uma artista que eu falei, ela é estado e ela é estudo da especulação. O que nos leva, agora, a demandar: para onde nos leva, lilial, a Risoleta??? O que nos traz, dessarte, seu canto e o quinto??? E a resposta é: a essência, a súmula da Rosa, o Menino Jesus. O Império, mavioso, da Paz Universal…….
Tomar, 20/ 12/ 2023
SIC ITUR AD ASTRA
PAULO JORGE BRITO E ABREU
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* Texto originalmente publicado em TRIPLOV em 20/12/2023.