TRÊS GRANDES, NO PASSADO SÁBADO, NA SEXTA TARDE TÉLMICA, EM SESIMBRA: ANTÓNIO TELMO, AGOSTINHO DA SILVA E RAFAEL MONTEIRO
Foi Rafael Monteiro quem, em Agosto de 1965, em Lisboa, levou António Telmo a consultar o astrólogo Hórus. Este predissse-lhe que em Fevereiro do ano seguinte partiria para o Brasil. Assim sucedeu, com efeito; e, em Brasília, o filósofo conhece Agostinho da Silva, de quem se torna amigo muito próximo e, de certo modo, um discípulo que elege o mestre para padrinho de baptismo da sua filha Anahi. Chega mesmo a levantar-lhe o horóscopo, que em 2006 dará a conhecer, interpretando-o. Regressado a Portugal no Verão de 1968, Telmo torna-se seu correspondente, num carteio que persistirá, já com Agostinho em Portugal, durante cerca de 20 anos. Em Sesimbra, através do compadre, logo em 1969. Agostinho conhece Rafael Monteiro, vulto maior da cultura sesimbrense no século XX, de quem se tornará convivente e amigo. É pela sua mão, e pela de António Reis Marques, que, em 1971, assina valiosa colaboração em O Sesimbrense. Desta espantosa circularidade se aperceberam por certo quantos, no passado sábado, acorreram à sexta Tarde Télmica de 2014, que, como sempre, teve lugar na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sesimbra.
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Ricardo Ventura, profundo conhecedor da obra de Agostinho da Silva, em cujo espólio, em anos anteriores, trabalhou, apresentou o livro Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo, valorizando aspectos pioneiros ou inabituais deste epistolário, acabado de sair a lume com a chancela da Licorne, prefácio de António Cândido Franco e comentário posfacial de João Ferreira, que, com Pedro Martins e Rui Lopo, foi um dos editores literários do volume.
Eduardo Aroso, na sua conferência, abordou o tema "António Telmo e a Astrologia", ciência tradicional superiormente cultivada por António Telmo de que o orador ofereceu ampla panorâmica, antes de abordar especialmente tópicos como o do horóscopo de Agostinho da Silva, que Telmo levantou.
Numa comunicação que resultou de um aturado trabalho de investigação histórica, aliás fértil em novidades, João Augusto Aldeia evocou de modo lúcido e comovido a figura de Rafael Monteiro pelo prisma da relação que este, durante décadas, manteve com O Sesimbrense, título de que, em anos recentes, o palestrante foi director.
De uma sessão intensa e exaltante, em que se selou o compromisso de em 2015 se organizar um grande colóquio consagrado à memória de Rafael Monteiro, ficam ainda os textos das duas palestras, que em breve serão publicados nesta página.