ONTEM, EM SESIMBRA, NA SEGUNDA TARDE TÉLMICA: LANÇAMENTO DE «UM ANTÓNIO TELMO: MARRANISMO, KABBALAH E MAÇONARIA», DE PEDRO MARTINS
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Com casa cheia e sob a presidência de Augusto Pólvora, Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, entidade que desde 2014 promove as Tardes Télmicas em parceria com o Projecto António Telmo. Vida e Obra, a já histórica Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sesimbra, onde António Telmo proferiu, em 29 de Maio de 2010, a sua derradeira oração pública, recebeu, cinco anos depois, o lançamento do primeiro livro de um só autor dedicado ao estudo da obra do autor de História Secreta de Portugal. A sessão iniciou-se com uma palestra, que mais se diria uma aula magistral, do Professor Moisés Espírito Santo sobre o marranismo, tema que precisamente constitui o ponto de partida da obra com que Pedro Martins inaugura, na Zéfiro, a Colecção Thomé Nathanael - Estudos Sobre António Telmo. O culto do Espírito Santo e o culto a Nossa Senhora dos Prazeres foram os dois grandes tópicos cripto-judaicos tratados pelo autor de Origens Orientais da Religião Popular Portuguesa, numa exposição que, de algum modo, introduziu igualmente a apresentação de Um António Telmo: Marranismo, Kabbalah e Maçonaria. Seguiu-se a intervenção do edil sesimbrense, que, por imperiosos motivos de agenda, teve de se ausentar da sessão antes de esta terminar. Augusto Pólvora lembrou o trajecto do autor, nomeadamente a sua colaboração, desde há 25 anos, com a imprensa local e, mais tarde, com a autarquia sesimbrense, e afirmou ser propósito desta dar continuidade à colaboração que vem sendo mantida com o Projecto António Telmo. Vida e Obra.
Depois, foi a vez de Miguel Real apresentar o livro agora saído a lume, privilegiando a sua primeira parte, a Teoria do Marranismo, e acentuando, a este propósito, a luz nova que vem trazer sobre a obra e o pensamento de António Telmo, Agostinho da Silva e Herberto Helder, designadamente pela sintomatologia do recalcamento (omissivo, permutativo e activo) que estabelece a condição marrana de Agostinho, seja pela permutação do judaísmo na fase seareira do pensador, seja pelo antijudaísmo teológico reconhecível na sua etapa brasileira, seja, enfim, pela omissão recorrente no período derradeiro que se inicia com Educação de Portugal, logrando Agostinho a síntese conciliatória num dos apontamentos de Pensamento à Solta. António Carlos Carvalho, que prefaciou o livro de Pedro Martins e com este dirige a Colecção Thomé Nathanael, perspectivou a nova colecção à luz da figura do anagramático alter ego de Telmo e retomou uma das ideias-chave do seu escrito prefacial: a de a humildade e a admiração terem presidido à feitura da obra, que não pretende impor a visão pessoal que veicula de um autor cujo pensamento não pode ser domesticado em rebanho. Uma outra palestra, desta feita por Alexandre Teixeira Mendes, sobre o Capitão Artur Barros Basto, o "apóstolo dos marranos" portugueses que empreendeu a "obra do resgate", deu continuidade ao programa. Sobre este insigne vulto da Renascença da Renascença Portuguesa publicou em 2007 Texeira Mendes o livro Barros Basto - A Miragem Marrana, cuja carta prefacial de António Telmo se constitui como peça central da sua teoria do marranismo, agora desenvolvida e aplicada em Um António Telmo por Pedro Martins, que encerrou a sessão de ontem agradecendo a Maria Antónia Vitorino, que com a sua presença voltou a honrar as Tardes Télmicas, a confiança depositada no nosso Projecto.