NOS PRÓXIMOS DIAS, NESTA PÁGINA, MAIS UM INÉDITO TÉLMICO: «A INTERPRETAÇÃO DE LEONARDO COIMBRA»
Era a Faculdade de Letras da Universidade do Porto uma escola de Cabala? Que nos diz sobre o assunto Álvaro Ribeiro?
A resposta é de grande interesse para nós, porque, se for afirmativa, poderá explicar a origem da orientação cabalista do pensamento do nosso filósofo e abrirá uma nova perspectiva sobre a natureza de um ensino que, vinte anos mais tarde, viria a exprimir-se no movimento da filosofia portuguesa. Como é sabido, todo o movimento de natureza espiritual, na medida em que se afasta da origem, não só vai “perdendo a forma” que o caracterizava como, em dado momento, troca de sinal algébrico, invertendo todos os valores. O exemplo mais claro e mais notável é o do cristianismo que, na época da Inquisição, se volta contra si próprio em nome de Cristo. É, por isso, que importa regressar, de vez em quando, às origens e procurar no ímpeto de sempre a enteléquia do movimento.
António Telmo, in A Interpretação de Leonardo Coimbra
Da fotografia, onde José Marinho e Álvaro Ribeiro, em pé, se perfilam respectivamente como as colunas da esquerda e da direita da árvore de que Leonardo, ao centro, emerge como a coluna do meio, há uma reprodução de melhor qualidade no escritório de António Telmo, na sua casa, em Estremoz. No seu espólio, foram entretanto recenseadas mais de seis dezenas de páginas manuscritas que, com manifesto sentido de unidade, versam as relações de pensamento entre o mestre da Lixa e o discípulo portuense que escreveu O Problema da Filosofia Portuguesa. São laudas de exegese e hermenêutica que, notadamente, esclarecem e aprofundam, a partir da leitura alvarina, e com recurso iluminante ao inédito conceito télmico de Neomaniqueísmo, a matriz cabalística da Faculdade de Letras de Porto fundada por Leonardo Coimbra. A par do trabalho que o projecto António Telmo. Vida e Obra vem desenvolvendo sobre a vertente autobiográfica do espólio do nosso patrono, constitui esta safra, por certo, outras das linhas de força que prioritariamente norteiam a nossa acção, e de que a publicação electrónica, num dos próximos dias, de "A Interpretação de Leonardo Coimbra" se oferece como primeiro fruto.