NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA E NO PRÓXIMO SÁBADO: CELEBRAR TELMO E AGOSTINHO NO ALENTEJO

09-11-2014 10:29

A vida e a obra de António Telmo serão evocadas em Estremoz, na próxima sexta-feira, 14 de Novembro, numa sessão de homenagem que terá lugar no Auditório da Escola Secundária Rainha Santa Isabel, a partir das 10:20, numa iniciativa conjunta da Biblioteca Escolar Almeida Garrett e do projecto António Telmo. Vida e Obra, que conta com a dedicada colaboração de Hernâni Matos. Serão oradores Pedro Martins, que evocará António Telmo, Hernâni Matos, que falará da proverbial relação de António Telmo com o jogo do bilhar, Rui Lopo, que evocará Agostinho da Silva, e Elísio Gala, que apresentará o livro Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo, que a editora Licorne lançou no passado mês de Outubro, em estreita parceria com o projecto António Telmo. Vida e Obra. O volume, com transcrição, organização, notas e comentários de João Ferreira, Pedro Martins e Rui Lopo, é prefaciado por António Cândido Franco e conta com a colaboração especial de  Maria Antónia Vitorino, Amon Pinho Davi, António Cândido Franco, Armando Carmelo e Romana Valente Pinho.

No final será descerrado, na Biblioteca da Escola, um retrato de António Telmo, que ficará a assinalar a sua passagem por aquele estabelecimento de ensino, então Escola Industrial e Comercial de Estremoz, em meados dos anos 60, imediatamente antes de partir para o Brasil, onde se juntou a Eudoro de Sousa e Agostinho da Silva, na Universidade de Brasília. No local estará também patente ao público uma exposição bibliográfica de António Telmo.  

Mas esta jornada transtagana será dupla, pois no dia seguinte, sábado, 15, as comemorações agostinianas de matriz télmica fazem escala no Redondo, marco miliar da vida e da obra de António Telmo. Entre as cerca de meia centena de cartas que Agostinho da Silva escreveu a Telmo e que chegaram até nós, algumas inscrevem-se no arco temporal que vai de 1971 a 1973, período em que este último fundou, instalou e dirigiu a Escola Preparatória do Redondo, num velho palacete pombalino, para o efeito então remodelado. A acção do filósofo, suscitando a suspicácia do regime e envolvendo pais e alunos numa experiência didáctica invulgar, por inovadora, entre nós, tomou então foros de gesta, ao ponto de Telmo vir a considerar, mais tarde, que tinha criado "a primeira escola democrática de Portugal, ainda antes do 25 de Abril". Uma missiva de Agostinho para Telmo, datada de 3 de Maio de 1972, dá conta do assombro entusiasmado do remetente e de Maria Violante Vieira, que dias antes haviam visitado o Redondo, face à obra do destinatário, considerando-a do melhor que jamais se fizera em Portugal, em termos de liberdade, familiaridade e criação. Ao seu lado, indefectível, António Telmo tinha Armando Carmelo, um virtuoso artista plástico que então se tornou também docente da novel escola, e que prestou agora especial colaboração à anotação das Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo, que será apresentado no Redondo por Elísio Gala, na Biblioteca Municipal daquela vila alentejana, hoje instalada, precisamente, no edifício onde Telmo fundou a "sua" escola. A sessão, a que se associa a Biblioteca Escolar Doutor Hernâni Cidade, contará ainda com a presença de Armando Carmelo, que evocará António Telmo e a sua acção incomparável como homem, pensador e didacta.