UNIVERSO TÉLMICO. 27

12-08-2015 12:33

De Brasília, o Professor JOÃO FERREIRA dá-nos conta, com preocupação, de um retrato histórico de Agostinho da Silva que tem resistido às intempéries da invernia austral na capital brasileira, e que se encontra num poster precário exposto ao ar livre num espaço existente entre o prédio do Minhocão e a Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Mas o privilégio desta sua nota percorre ainda outras memórias do círculo candango de Agostinho, através de uma foto-reportagem realizada em Julho de 2015, por sua neta AMANDA EHRHARDT FERREIRA, estudante universitária brasileira, do Instituto de Arte da UnB.

Uma foto histórica ameaçada

João Ferreira

 

Esta fotografia do retrato de Agostinho da Silva foi realizada em julho de 2015 pela estudante universitária brasileira, Amanda Ehrhardt Ferreira de Castro, do Instituto de Arte da UnB.

O retrato encontra-se num pôster precário exposto ao ar livre num espaço existente entre o prédio do Minhocão e a Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Como é possível imaginar, o pôster é feito de materiais precários e torna-se extremamente frágil por isso.

Quase por milagre, o retrato de Agostinho da Silva resistiu até agora aos invernos e intempéries que a Natureza descarregou sobre o Campus da UnB. Mas suas permanência está ameaçada.

Faz parte de uma exposição ao ar livre, quase uma galeria informal,  com as quatro figuras consideradas pioneiras, básicas e representativas na história da Universidade selecionadas em 2012 por ocasião da celebração dos cinquenta anos da fundação da Universidade de Brasília.

Desse quadrumvirato nobre faziam parte:

Darcy Ribeiro (1922-1997), fundador e primeiro Reitor da Universidade de Brasília.

Anísio Teixeira (1900-19710, um dos pioneiros da Educação Nova no Brasil, autor do projeto pedagógicos da Universidade de Brasília, fundador do INEP.

Agostinho da Silva (1906-1994), um dos fundadores da Universidade de Brasília, assessor do Presidente Jânio Quadros para assuntos africanos, fundador e primeiro Coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses e um dos primeiros teóricos e defensores da Lusofonia.

Teodoro Freire (1920-2012), grande figura da cultura popular brasileira, organizador do grupo folclórico Bumba meu Boi e  do Tambor da Crioula, funcionário do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses e amigo de Agostinho que o ajudou a se projetar no meio cultural de Brasília.

De momento dos quatro retratos da galeria inicial só estão de pé dois deles: o pôster com a figura de Agostinho da Silva e o pôster com a figura de Anísio Teixeira.

A desproteção oficial da Universidade dada à galeria soma-se ao rigor do tempo que tem suas regras de impiedade e desgaste.

 

Nota redigida em 6 de agosto de 2015

[Nesta foto, João Ferreira encontra-se junto do local onde estava situado o CEC (Centro de Estudos Clássicos) dirigido por Eudoro de Sousa e onde trabalhou com António Telmo. Conta-nos João Ferreira: Entrei no subsolo do prédio que mostra a foto com grades para "rever" o espaço. Mas não há vestígios do passado... a utilização que foi feita posteriormente através de reformas e adaptações transformou tudo para servir ao padrão das necessidades da Faculdade de Educação que é a nova proprietária do espaço. No tempo do funcionamento do CEC, em 1968, por exemplo, quando cheguei a Brasília, a parte de cima era ocupada apela Reitoria e no subsolo, descendo as escadas  funcionava o CEC, com saleta do Coordenador, sala administrativa para o Secretariado do Centro, postos para professores e pesquisadores e espaço para o acervo da Biblioteca. Hoje não há mais vestígios de nada. Tudo é outra coisa... ]