INÉDITOS. 63
ANTÓNIO TELMO, SEMPRE!
Faz hoje seis anos que nos deixou, mas está sempre presente. No aniversário da partida de António Telmo, um poema inédito que integrará o sexto volume das suas Obras Completas, a sair, no próximo mês de Dezembro, com a proverbial chancela da Zéfiro: Viagem a Granada seguida de Poesia. Paulo Samuel prefacia e Risoleta C. Pinto Pedro assina o posfácio, especialmente dedicado à publicação integral da poesia de Telmo, por cuja edição literária será a responsável.
[Fazer versos naturais]
Fazer versos naturais
Que se possam conversar
Mas que escondam lá por dentro
O que não é p’ra contar.
Com doce cadência certa
Que fascine o pensamento
E dê som ao insonoro
E me adormeça por fora
E me desperte por dentro.
Cada palavra um sentido
Duas um casamento
Donde nasça o imprevisto
Como trazido num vento.
Donde nasça o nunca ouvido
Donde nasça o nunca visto.
E, porém, tão natural
Que, ao vê-lo, se ouça dizer
Que é coisa de trazer
Nesta vida tal e qual
Como se já se soubesse
Como se fosse o que havia
Dentro de aquele que lê
E se antes não o sabia
Acorda do que o adormece
E vê.
António Telmo