INÉDITOS. 49
Explicitamente inspirados nos diálogos de Berkeley, filósofo que António Telmo muito admirava, os “Novos diálogos de Hylas e Philonous” (acrescidos de um “Fragmento dum diálogo entre muitos de Hylas e Philonous, ainda na Irlanda, logo após a morte do seu progenitor, o episcopal Berkeley”) surgiram em Congeminações de um Neopitagórico, de 2006, na sequência dos “Diálogos de Thomé e Nathan”, dissociação dialogal do alter ego ou do maggid télmico, Thomé Nathanael. No espólio de António Telmo conserva-se, entre dezenas deles, um caderno manuscrito onde nos deparamos com um outro diálogo, ainda inédito, entre o homem hílico e o homem noético criados por Berkeley. O título deste diálogo é o mesmo que o autor havia publicado nas Congeminações, como quem porventura quisesse frisar a inscrição desta fórmula num contínuo inspirado pela matriz do filósofo irlandês. Numa das páginas do caderno, Telmo intercalou o que parece ser uma nota introdutória com a seguinte indicação: “Para juntar aos diálogos:”. Damo-la assim na abertura do texto, precedendo o início do diálogo, onde a elevação de António Telmo ao grau de Mestre Maçon do Regime Escocês Rectificado constitui o eixo ao redor do qual as duas personagens discorrem, reflectindo, até ao corolário da ligação da tradição dantesca com o Regime Escocês Rectificado, rito maçónico cuja instituição é amplamente tributária da influência magistral do português Pascoal Martins. Porventura mais do que nunca, encontramos neste inédito o discípulo iluminando, pela operatividade maçónica, o que Álvaro Ribeiro, seu mestre, apenas havia assinalado, com elíptica discrição, no capítulo sobre “A Tradição Portuguesa” de A Arte de Filosofar, livro de 1955. Neste sentido, estaremos mesmo perante um escrito télmico da maior importância. Aliás, decisivo.
[António Telmo falando aos Irmãos, durante um ágape ritual, após uma sessão de Loja]
Novos diálogos de Hylas e Philonous
Nos diálogos de Berkeley são dois contrários a discutir, o homem noético (é preferível dizer noético a pneumático) e o homem hílico. Se os dois se completassem com mais um, isto é, com o homem psíquico, não haveria a tensão, pela diferença de nível, saltar a chispa.
O homem psíquico. A palavra alma é impensável provir de anima por evolução fonética. Mas pode provir do aramaico alma que, nessa língua, significa, mundo. A raiz da palavra aramaica parece ser a mesma que a do grego olos, todo. A alma não será, pois, o sopro que vem sugerido em anima, mas o todo de que o corpo é uma ínfima parte. Temos a percepção de que isto é assim quando, num dia de céu límpido, tomamos consciência do horizonte todo à volta e do céu que nos envolve como de nós próprios. Há homens, porém, os hílicos, que apenas são um corpo sem olhar, não digo o corpo de um cego, porque o cego não vê mas procura com o olhar interior.
Hylas:
Faz hoje quatro séculos que vimos ambos a luz da vida. Como Athena saiu da cabeça de Zeus, e Diónisos da sua coxa, assim tu e eu fomos gerados por Berkeley, tu do cérebro e eu do fémur. O idealista e o materialista! Que contradição!
Agora, basta alguém pensar profundamente em nós, invocar-nos do fundo da alma, para que de ideias ou de fantasmas nos sintamos viver em carne e osso.
Philonous:
Vê-se por essas palavras que já não duvidas de que somos existentes, pois pões como condição que alguém pense em nós. O nosso pai Berkeley partiu há quatro séculos para a terra dos imortais e nós suas criaturas temos na terra mais realidade do que ele.
Hylas:
Temo-la agora aqui em Portugal, o País do Fim. Saímos das páginas do livro onde durante séculos uns nos viram por entre obscuridades e outros à luz clara da inteligência. Falamos em séculos. Lembras-te porventura há quantos anos estamos em Portugal?
Philonous:
Desde a morte de Teixeira de Pascoaes, esse sublime poeta que ensinou ser a criatura mais real do que o seu criador. E dava o exemplo de D. Quixote e Cervantes, de Portugal e de Camões.
Hylas:
Portugal só existe depois de Camões? Alguma vez Teixeira de Pascoaes disse isso?
Philonous:
Disse-o por analogia com Quixote e Cervantes.
Hylas:
O que eu aprendi contigo e o que continuo a aprender. Chamo-me Hylas mas o que eu tenho aprendido contigo dia após dia, durante quatro mil anos, dialogando contigo, e o que continuo a aprender. Não sou já Hylas. O meu materialismo espiritualizou-se, pois não tinha sentido que, derrotado pelos teus argumentos, ficasse como dantes. Em consequência, depois que nos incorporámos no País do Fim, o que não se tem passado comigo de maravilhoso! É como se me estivessem a preparar para um acontecimento extraordinário. Não te disse ainda que entrei para a Maçonaria…
Philonous:
É um lugar que está cheio de espíritos hílicos, mas a sua essência é noética.
Hylas:
Falas como se estivesses dentro.
Philonous:
E quem te diz que não estou? E quem te diz que estou? Ah! A língua portuguesa! Como sabe dizer o sim com o não! Mas fala-me das coisas maravilhosas que se deram contigo.
Hylas:
Queres que te conte como cheguei à Maçonaria?
Tudo começou com o número 13 e no dia em que deparei com um trevo de 4 folhas.
Philonous:
Diz-me como foi isso do trevo? Tenho um especial interesse em sabê-lo porque estou precisamente lendo um livro que, a dada altura, explica o que significa encontrar um trevo de 4 folhas para a pessoa que o encontra. Logo me falas no 13.
Hylas:
Foi a coisa mais simples deste mundo. Eu estava lendo no meu quintal O Homem de Luz de Henry Corbin. Em dado momento, levantei os olhos do livro e vi três passos à minha frente num tufo de trevos um de quatro folhas. Cortei com muito cuidado, pu-lo entre duas páginas do livro e fixei o número de uma das páginas para poder revê-lo sempre que quisesse. Era a pg. 113.
Philonous:
És um homem com sorte. Eis o que diz Ernst Jünger: «Um trevo de quatro folhas traz felicidade. Contudo, há uma condição. Consiste ela em encontrá-lo sem andar a procurá-lo.»
Hylas:
Foi exactamente o que sucedeu comigo. Destacou-se ao meu olhar de entre um tufo de mil trevos.
Philonous:
«A felicidade não está contida nas folhas; consiste na capacidade que a pessoa tem em si de encontrar sem que o queira. Aquele que a possui encontra também outras coisas preciosas. Se encontra a felicidade é porque tem a felicidade; a felicidade é a sua propriedade.»
Hylas:
No tempo em que Berkeley me criou, eu era como sabes materialista, mas não era espesso. Ele conhecia certamente a classificação dos polos gravíticos que os dividia em hílicos, psíquicos e pneumáticos. Podia ter-me criado como psíquico, mas com isso anulava a enorme diferença de nível entre mim e ti, eliminava a tensão entre os dois contrários, de modo que não se produzia a chispa de luz do seu pensamento. Foi esse contraste, essa fricção que permitiu que em mim o homem hílico desse lugar ao homem psíquico. Na verdade, são maravilhosas as coisas que me têm acontecido desde que deparei com o trevo de quatro folhas ou desde que ele se me ofereceu ao olhar.
Philonous:
Escuta, há mais e para teu gáudio. «Segundo a crença popular o trevo de quatro filhas torna clarividente, confere a quem o encontra involuntariamente o poder de um áugure.» Enfim, eu passo-te o livro e lês em casa todo o capítulo. Ou, se preferires comprar o livro, podes anotar: Grafitti/Frontalières, Bibliothèques 10/18, 12, Avenue d’Italie – Paris XIIIe
Hylas:
Posso falar-te agora do número 13 que passou a aparecer-me continuamente durante três anos em tudo que se relacionava comigo, relógio, quadros, carro, cães…
Philonous:
O trevo de quatro folhas, já que é uma excepção nos trevos campestres que contêm sempre três folhas, é 3+1 e, portanto, representativo do 13 ou do 31.
Hylas:
Presumo que me anunciava a recepção na Maçonaria, pois deixou de aparecer logo que isso se deu.
Philonous:
A entrada na Maçonaria é o que chamas uma coisa maravilhosa?
Hylas:
Só Deus sabe se foi uma coisa maravilhosa ou se foi um desastre. Eu fui lá encontrar uma multidão de homens hílicos e poucos dos psíquicos. Os noéticos, como tu, devem estar na sombra vigiando e guardando a fidelidade à tradição imemorial.
Philonous:
Não digas como tu. Chamo-me Philonous. Procuro o amor que pelo intelecto move o mundo. Eu amo aquela ciência que Aristóteles diz ter por essência o ser procurada. Espero que um dia ela se me ofereça ao olhar do intelecto como ao teu olhar se ofereceu a mágica planta. Conversemos, pois, sempre como o estamos a fazer, de igual para igual, como súbditos conformes do mesmo Rei.
Hylas:
Eu tenho medo de falar daquelas coisas e, se não fosse para ti, a minha boca não se abriria para ninguém. Não que sejam temíveis, embora sejam assombrosas. Mas eu não sei o que elas significam, que realidade lhes corresponde na minha vida, na medida em que a procuro orientar para Deus. Talvez tu me ajudes a ver claro nesta obscuridade. O que eu tenho de canino, tens tu de felino.
Philonous:
Só depois de te ouvir, saberei se sei ajudar-te.
Hylas:
Depois do 13 veio o 9.
Tão misteriosamente como aconteceu com o Dante e analogamente ao Dante se virmos em Beatriz não propriamente uma mulher, mas, como querem Sampaio Bruno e outros, a Loja e a Sabedoria que dela, através dele e nela se recebe.
Não veio com o grau de Aprendiz nem com o grau de Companheiro, mas com o de Mestre, embora o 9 já estivesse na soma teosófica do dia e do ano em que fui iniciado: 18 de Dezembro de 1998[1].
Philonous:
Não chega a ser um sinal incontroverso.
Hylas:
Sem dúvida. Não entrei em conta com o mês de Dezembro. Mas também não ligo importância a essa data. Como não ligo assim tanta importância ao facto de o carro que veio substituir um que tinha num dos números da matrícula o 67, carro que ainda tenho, fosse o 66-99, conquanto a multiplicação de 6 por 6 dê 36=9 e de 9 por 9 dê 81.
Philonous:
Tudo simpatiza numa vida humana como no Universo. Quem estiver atento a todos os pormenores que se vão dando no curso do dia, dos meses e dos anos encontrará sempre coincidências importantes que, no entanto, são menos significativas que a semelhança com o Sol nas flores que bebem a sua luz.
Há, além disso, um perigo na procura de relações e coincidências ocasionais[:]é o de nos tornarmos supersticiosos e daí até à autolatria que é a pior forma de idolatria a distância não é nenhuma.
Hylas:
Quem virá dizer que não tens razão? Eu próprio não teria dado por essas coincidências, as que se verificaram com o número 13 e depois com o número nove, se as primeiras não tivessem sido anunciada pelo encontro do trevo de quatro folhas e as segundas pelo que te vou contar agora.
Philonous:
Nunca te passou pela cabeça que o 13 fosse um número aziago e até o 9, como havemos de verificar.
Hylas:
Não, nunca me passou. Eu sabia que o seu aparecimento estava associado ao trevo de 4 folhas cujo encontro sempre soube desde criança que era sinal de felicidade, embora só tenha sabido agora que é necessário que ele se ofereça ao olhar sem ser procurado. E quanto ao número 9… É melhor que te revele primeiro o carácter extraordinário do seu surgimento no interior e no exterior de mim mesmo… Eu disse-te há pouco que o 9 veio com o grau de Mestre Maçon, mas não te revelei que uma voz durante o sono, na noite anterior à revelação no grau, foi ouvida dizendo: Hylas, o psíquico, vai ser associado ao número 9. Calcularás o meu assombro quando me foi mostrado, durante o ritual, o completo sistema simbólico do número 9, com perfeita nitidez meridiana. “Esta cerimónia, ensina o Irmão Orador, é presidida do início até ao fim pelo número 9.”
Philonous:
Devo dizer-te que sei em que consiste, nos vários ritos e regimes, o grau de Mestre, não porque seja maçon, mas porque na minha biblioteca tenho livros por onde posso saber tudo o que se passa dentro das Lojas. Por isso mesmo, ao dizeres-me que o n.º 9 caracteriza o ritual que te elevou a esse grau, conjecturo que o Regime a que pertences é o Regime Escossez Rectificado, pois nenhum outro o iguala na importância dada ao número 9.
Hylas:
Pertenço sim. Todavia, não acredito que seja pelos livros que sabes o que se passa no interior das Lojas. Em ti Berkeley se representou a si próprio e todos os que o leem sabem que aos oito anos não só compreendia Platão como discutia com ele. Pertencia, como presumo que tu pertences, à linhagem dos que nascem trazendo consigo uma luz que só espera um pequeno estímulo para, mais tarde ou mais cedo, se manifestar. Foi o caso de Berkeley como o de Jacob Boehme. E já que falamos de Maçonaria, lembra-te que em Portugal há 50 anos os dois homens que melhor conheciam os seus mistérios e que mais de perto se lhe identificaram não eram maçons.
Falo de Sampaio Bruno e de Fernando Pessoa.
Philonous:
Também tu és uma criação de Berkeley, uma ideia e uma alma vivente. Não falemos, porém, de nós próprios. O que me contas sobre o número nove, excede infinitamente o que possa haver de ti nos acontecimentos.
O número 9 é, em meu entender, o mais misterioso dos números.
Gostava de ter o segredo dele, já que o mistério tu me poderás dizer em que consiste, recapitulando o que ambos sabemos, embora por diferentes caminhos.
Hylas:
Eu fui confiante. Nessa noite, a lua alcançava o momento em que recomeçava novo crescimento.
Philonous:
A Lua Nova tem, como se vê significado no adjectivo, uma íntima relação com o nove. Por isso, o livro de Dante, em que ele faz a exaltação de Beatriz como sendo ela mesma o 9, tem por título Vita Nuova. Digo-o em italiano para fazer observar que também nesta língua como em português novo e nove são a mesma palavra com uma pequena diferença no último fonema. O mesmo acontece em espanhol onde temos nuevo e nueve e certamente acontecerá o mesmo em romeno.
Observe-se também que a ideia de ovo aparece igualmente nas línguas latinas.
Ovo, novo, nove. O princípio que renova e move todas as coisas.
Mas a renovação é precedida, sendo acompanhada, de uma decomposição. Pelo nove se torna vivente a relação do ser com o não-ser.
Hylas:
O que dizes está bem patente no rito pelo qual, conforme ao que foi anunciado em sonho, fui associado ao nove.
Temo, porém, quebrar o compromisso a que me obriguei, jurando, a não revelar aos profanos os nossos mistérios.
Philonous:
Tens-me então por um profano? Não sei eu que passaste por um rito que te tornou livre de todos os compromissos a que, antes dele, te ligaste?
Hylas:
Também sabes isso? O que eu queria dizer é que algum profano pode estar-nos a ouvir!
Philonous:
Pode ouvir o que quiser que nada saberá. Eurípides foi julgado e condenado não por ter dito o que se passava nos Mistérios de Elêusis, mas por ter revelado a outro por meio de gestos, palavras e movimentos o que lá se passava. Maçons de superior qualidade, como Oswald Wirth e René Guénon, trouxeram para os livros a reflexão do que viram e viveram no interior das Lojas.
Hylas:
Fui confiante, como te dizia. Não foi só a Lua Nova. É que, uns dias antes de ter recebido a elevação, já estava confirmado na qualidade de Mestre Maçon por uma estranha personagem que me apareceu vinda do nada no Café onde conversava com uns amigos. Aparentemente, era um louco. Traçava com a mão direita figuras geométricas sobre o peito e sobre o rosto. Falava correntemente, e sem o mínimo obstáculo fonético, português, francês, espanhol, italiano e árabe! Trauteava canções populares em francês e espanhol. Tinha o aspecto de um nórdico; era louro e de olhos azuis. Não era português, mas falava o português como nós o falamos. A noite estava fria, gelada. Perguntei-lhe onde ia dormir, onde tinha casa? Com um gesto apontou o Oriente, depois o Ocidente, o Sul e o Norte: “Eis a minha casa.” Durante a hora que esteve connosco, não deixou de fixar os meus olhos com os seus olhos azuis extraordinariamente brilhantes. Disse que eu era uma pessoa limpa, quando lhe falaram de Fernando Pessoa, e eu espero que por essas palavras me tivessem sido perdoados todos os meus pecados. No fim, beijou-me fraternalmente nas duas faces.
Philonous:
Recomendo-te que não indagues quem era realmente a misteriosa aparição. Guarda a imagem do acontecimento no santuário da tua alma. Se o não fizeres, pode acontecer-te ficares com um pouco de cinza nas mãos e não veres nisso qualquer mistério, apenas o caso de teres conversado com um estrangeiro meio louco num Café da cidade onde vives.
Hylas:
Vou pensar no que me recomendas.
Fui confiante, mas qual não foi o meu espanto, mais que espanto o meu assombro, quando vi que tudo se passava como a divina voz anunciara. Fui ligado ao nove por um compromisso severo. Ele estava nas nove pancadas da bateria (3x3), nos nove mestres, três que foram pelo Oriente, três pelo Norte e três pelo Sul à procura de Hirão, nas nove velas acesas, nas nove esferas que suportavam a urna onde estavam escritas estas legendas: Ternario formatur, novenario dissolvitur, ascendit unus. E ainda nas 81 lágrimas com que chorámos a morte de Hirão.
Philonous:
Devias estudar Dante, com a experiência que tens.
Hylas:
Conheço o Dante, A Divina Comédia, a Monarquia, o Convívio, a Vida Nova. Não me parece, porém, que essa minha experiência, o passar pelos três primeiros graus do Rito Escossez Rectificado, vá além de uma conotação superficial com a experiência e com a sabedoria de Dante.
Philonous:
E se vires nesses três graus sucessivos momentos de uma descida aos Infernos? Nove são os círculos infernais nove são as viagens em torno do tapete durante a elevação ao terceiro grau. Não é esse o sentido da legenda inscrita na urna: Ternario formatur, novenario dissolvitur, o que foi formado pelo três é dissolvido pelo nove? Jesus Cristo não foi crucificado na hora terceira, as trevas não cobriram a Terra na hora sexta e não nasceu Ele na hora nona? Entre o Monte Moriá, onde os 9 mestres encontraram o cadáver de Hirão, e o Monte do Calvário não há nenhuma analogia?
Hylas:
Podias continuar assim indefinidamente a pôr perguntas em torno da Metáfora Essencial. Por isso afirmei que me têm acontecido coisas maravilhosas. Mas o modo como lhes tenho reagido parece-me nulo. É apenas um vago reflexo no espelho da mente, não chega a ser pensamento e muito menos conhecimento.
Philonous:
A hora é tardia. Combinámos ir amanhã a Montemor, subir ao castelo lá no alto e daí assistir ao despontar da aurora.
Hylas:
Compreendo. Sim, compreendo.
António Telmo
[1] Nota do editor – Presumimos haver lapso. A data em apreço é a da elevação de António Telmo ao grau de Mestre Maçon do Regime Escocês Rectificado, como o próprio confirma noutro texto, ainda inédito, do caderno de onde o presente diálogo foi transcrito. Num outro caderno, em apontamento também inédito, o filósofo consigna a data da sua iniciação: 17 de Abril de 1998.