INÉDITOS. 27
Sobre Linguística. 03[1]
[Noam Chomsky]
O mais famoso discípulo de Eduardo Sapir é Benjamin Lee-Whorf. Pouco falado em Portugal, diríamos mesmo totalmente esquecido a favor de Jacobson, cuja teoria da comunicação começa a comandar os programas de ensino do texto literário, e de Noam Chomsky e da sua “gramática generativa”, também adoptada nesses programas, Benjamin Lee-Whorf é, todavia, o linguista que estabeleceu os princípios capazes de trazerem ao estudo de uma língua, como o português, a objectividade e a verdade reveladoras do que uma língua é singular, distinto e, por assim dizer, único. A “gramática generativa” é um método de redução. Como se sabe, Chomsky adopta o postulado cartesiano de que o pensamento do homem é por toda a parte o mesmo, que sempre opera através dos mesmos mecanismos, das mesmas categorias mentais e das mesmas combinações, de tal modo que as diversas, múltiplas línguas e idiomas não fazem mais do que exprimir essa constante de fundo. Benjamin Lee-Whorf, no seguimento de Boas e de Sapir, pretende mostrar o contrário. Embora admita a existência de grupos por afinidades dos seus elementos, considera o método de redução uma violência que esquece ou destrói processos singulares de pensamento, estruturas viventes verbais singulares.
António Telmo