INÉDITOS. 24
O muro[1]
A estrada, pela qual se sai de Estremoz para Borba, corre, em dado momento, ao lado do cemitério. Junto a uma árvore, há um pequeno espaço onde me pus com o meu carro. Para a direita, há uma berma coberta de verdura e, a alguns metros dessa berma, o muro do cemitério. Por cima do muro podemos ver um jazigo de mármore.
Vi, olhando para o muro, que ele de súbito tomava a aparência de um lago de 40 metros de largura e uns 100 de metros de comprimento. A água era de um cinzento azulado.
Vi depois que, segundo queria, via o muro ou via o lago. Fui lá nos dias seguintes e de novo verifiquei que eu comandava, segundo a minha intenção, a percepção a haver. Repetiu-se o mesmo no 5.º dia.
António Telmo