EDITORIAL. 24
Entre efemérides
Os dois mais recentes números da NOVA ÁGUIA, revista de que António Telmo foi colaborador desde o seu primeiro número, permitiram assinalar de modo efectivo e significativo o décimo aniversário da sua partida: um conjunto de doze apontamentos inéditos do filósofo, que vieram a lume no Outono passado, e a que, já nesta Primavera, se juntaram dois valiosos conjuntos epistolares – de Dalila Pereira da Costa e Luís Amaro – para o filósofo da razão poética e um dossier temático com treze ensaios (número obsidiante!) dedicados à sua vida, à sua obra e ao seu pensamento, traduzem, na sua diversidade, formas convergentes de evocação de um legado perene e fecundo, neste tempo, tão obscuro como reservado, em que continuamos ainda a esperar. Um agradecimento muito especial, e que não pode também deixar de sublinhar uma notável capacidade de resistência à adversidade, será, por isso, devido a Renato Epifânio, Director da NOVA ÁGUIA, e a Alexandre Gabriel, editor da Zéfiro, chancela que, além da revista, identifica também as Obras Completas do nosso patrono, que ainda este ano deverão retomar o seu curso de publicação.
Mas hoje é o dia em que passam 94 anos sobre o nascimento de Telmo. Tempo de olhar para um porvir que se projecta com esperança. A par da NOVA ÁGUIA, a revista de cultura libertária A IDEIA tem sido outra das publicações periódicas que acolhem a presença da sua obra filosófica singular. Ainda recentemente, no número quádruplo de 2020, foram dados à estampa dois escritos inéditos do filósofo originalmente destinados a um livro que ele não chegou a concretizar. 2021 será, tudo o indica, o ano em que a revista dirigida por António Cândido Franco – outro amigo de António Telmo, credor por igual da nossa gratidão – dará à estampa a correspondência de Max Hölzer (note-se que este enigmático iniciado foi também uma figura maior do surrealismo austríaco) para o filósofo português. Trabalho moroso de transcrição e tradução que está a ser desenvolvido no seio do Projecto António Telmo. Vida e Obra, o epistolário que por ele se deixará revelar constitui, por certo, na positividade do que, preto no branco, foi deixado no papel, um elemento da maior importância para a justa compreensão da evolução do pensamento do seu destinatário.
Uma última palavra de calorosa gratidão para a família de António Telmo, na pessoa de Maria Antónia Vitorino, pela confiada generosidade com que têm acompanhado, apoiado e estimulado este nosso Projecto. Bem-hajam!