EDITORIAL. 21
Dias de espera em tempos de Esperança
É de todos sabido o momento, entre dramático e trágico, que Portugal e o mundo estão a viver.
Este quadro circunstancial havia já ditado o cancelamento da sessão de lançamento do Volume XI das Obras Completas de António Telmo, A Verdade do Amor precedida de Adriana, que iria ter lugar, no passado dia 20 de Março, na Cooperativa Árvore, no Porto, e em que se apresentaria também a primeira edição completa da Vida Conversável, de Agostinho da Silva e Henryk Siewierski, lançada em Lisboa a 24 de Janeiro, ambas as obras trazendo o selo da Zéfiro.
Foi isto há duas semanas. De lá para cá, toda a vida cultural pública do país parou. Disso mesmo se ressentiu largamente o surgimento de Portugal, Razão e Mistério – A trilogia, livro de António Quadros posfaciado por Pedro Martins, do nosso Projecto, que ia ser lançado no passado sábado, na sede da Fundação António Quadros, em Rio Maior, e que tinha já igualmente definidas, ainda no mês em curso, sessões de apresentação no Porto e em Lisboa, com a participação de outros membros do PAT.VO: Paulo Samuel e Miguel Real, respectivamente.
Provavelmente a obra que mais e melhor dialoga com a História Secreta de Portugal, de António Telmo, Portugal, Razão e Mistério, agora ressurgido pela vontade inquebrantável de Mafalda Ferro, havia inclusive chegado às principais redes portuguesas de livrarias com destacada pujança. O que, num só trimestre, prometia ser um movimento editorial como havia muito se não via no seio da Escola Portuense, com a saída a lume de novos livros de Agostinho da Silva, António Telmo e António Quadros, foi subitamente eclipsado pela sombra duradoura de uma dura incerteza a que importa, porém, responder com a virtude da esperança, na espera de um recomeço.
Não iremos parar. Encontramo-nos a transcrever um conjunto de escritos inéditos do nosso patrono, e bem assim a correspondência que Dalila Pereira da Costa, ao longo de décadas, lhe dirigiu e se guarda hoje no espólio do filósofo. Tudo isto se destina ao dossier especial que a revista NOVA ÁGUIA irá dedicar a António Telmo no seu próximo número, a ser lançado no segundo semestre deste ano de 2020 em que, a 21 de Agosto, se assinala o décimo aniversário da sua partida, e que irá, por certo, receber ainda a colaboração de vários membros do nosso Projecto.
Entretanto, procuraremos intensificar o ritmo das publicações nesta nossa página digital, reforçando assim os laços com os leitores, que são afinal a nossa razão de ser. Serão de guerra, segundo dizem alguns, estes dias, que por ora ainda correm sob o signo de Marte, ou de Março. Mas deste mês são também algumas datas que, como efemérides, evocam figuras luminosas e magistrais do universo télmico: Álvaro Ribeiro (nascido em 01.03.1905), Dalila Pereira da Costa (nascida em 04.03.1918 e falecida em 02.03.2012) e António Quadros (falecido em 21 de Março de 1993). A todos eles, de alguma forma, os evocamos, nos novos textos inéditos que o leitor aqui encontra hoje publicados.