EDITORIAL. 12
Agostinho, o deserto e a miragem
Quando ainda não deixaram de ecoar as palavras que sobre ele soaram, no sábado passado, no Museu do Aljube, e quando a Fortaleza de Santiago, em Sesimbra, se prepara para acolher, no próximo sábado, o lançamento da edição revista e muito aumentada de Agostinho da Silva em Sesimbra, de Pedro Martins e António Reis Marques, o estranhíssimo colosso promete continuar a dar que falar. Em Junho, mês das festas da cidade de Lisboa, Agostinho será o centro das atenções em dois ciclos de palestras a realizar em outras tantas livrarias. Nos dias 1, 8 e 15, Renato Epifânio falará, na Livraria Europa-América da Avenida Marquês de Tomar, sobre as 3 vidas de Agostinho. Depois, a partir de 17, e até ao final do mês, vários serão os oradores, alguns cá da casa, que irão passar pela Tigre de Papel, livraria a quem o GEAS se associa para esta iniciativa.
Agostinho da Silva não precisa que sobre ele venham carpir mágoas quando as lágrimas são de crocodilo e as lamúrias de falsete. Precisa, sim, de uma constante, efectiva e afectiva dedicação, que, com coragem e persistência, transforme o deserto numa miragem. Seja com os poderes públicos, seja com os agentes privados, a travessia é possível. Assim haja vontade.