DOS LIVROS. 60
Álvaro Ribeiro na Cotovia, em Sesimbra, cerca de 1970
O Problema da Filosofia Portuguesa*
A obra de Álvaro Ribeiro abre propriamente com O Problema da Filosofia Portuguesa. Tendo observado e sofrido o espectáculo da servidão intelectual dos portugueses, servidão a que estariam e estarão sempre condenados se não viessem ou não vierem a adquirir consciência de um pensamento especulativo próprio que seja, ao mesmo tempo, uma missão, o filósofo propõe que, na Universidade, se forme uma escola de filosofia portuguesa e indica os meios que é necessário movimentar para se atingir tão alto fim. Portugal tem um pensamento próprio, porque, se assim não fosse, não constituiria uma comunidade com um destino histórico, mas, ainda envolto na literatura, no direito, nas artes da pedra, da cor e do som, na sabedoria popular ou na sua tríplice expressão religiosa, só com Sampaio Bruno e Leonardo Coimbra começou a adquirir consciência de si na filosofia. Traça, por isso, as linhas mestras sobre as quais se haja de compor a Escola de Filosofia Portuguesa. Para tanto, há que libertar a Universidade do seu estado de subserviência aos inimigos do pensamento original, criando as condições duma actividade especulativa do génio português.
António Telmo
(Publicado em Capelas Imperfeitas - Dispersos e inéditos, 2019)
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