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EDITORIAL. 22

02-05-2020 00:09

Uma página renovada

 

No dia em que se completam 93 anos sobre o nascimento de António Telmo, apresentamo-nos perante os leitores com uma página digital renovada e ampliada, sobretudo nos seus conteúdos.

Assim, actualizámos os registos bibliográficos do filósofo da razão poética, há poucos dias enriquecidos com a (re)descoberta de uma importante recensão de Dalila Pereira da Costa à Gramática Secreta da Língua Portuguesa, que até hoje permanecera desatendida e omissa na sua bibliografia passiva. Fora publicada no Volume I, número 4, da revista Nova Renascença (Verão de 1981), e a sua localização tornou-se possível graças ao precioso livro Nova Renascença – Revista Trimestral de Cultura: Perfil e Identidade de uma Revista (Fundação Eng. António de Almeida, Porto, 2015), da autoria de Paulo Samuel, membro do nosso Projecto.   

Algumas secções são novas na nossa página; outras sofreram uma significativa remodelação.

No primeiro caso, encontra-se a breve notícia biográfica do nosso patrono, bem como as rubricas dedicadas a Agostinho da Silva, à Colecção Thomé Nathanael ou à correspondência; no segundo, os itens da apresentação do Projecto e das Obras Completas de António Telmo. No seu conjunto, estas alterações não só reflectem o desígnio de aperfeiçoamento que sempre nos tem norteado, como também a acumulação de um património de realizações que é hoje o nosso.

Note-se ainda, a este respeito, que, desde o seu início, em 20 de Novembro de 2013, e até hoje, a página do PAT.VO já registou a afluência de 637.543 visitantes, o que diz bem da sua aceitação e implantação.

Por estes dias, ficou concluída a transcrição e a anotação das cartas de Dalila Pereira da Costa para António Telmo, acervo epistolar que se guarda no espólio do filósofo e que será publicado no próximo número – já o 26.º, no segundo semestre de 2020 – da revista Nova Águia,  cujo autor em destaque será justamente António Telmo .

A par deste valioso contributo epistolográfico, também um conjunto de escritos inéditos, já transcritos, do próprio António Telmo será destinado àquele número da revista dirigida por Renato Epifânio, com o qual se pretende assinalar a passagem do décimo aniversário da partida do nosso patrono, que irá ocorrer em 21 de Agosto do corrente ano.

A poucos meses de cumprir o seu sétimo ano de existência, o Projecto António Telmo. Vida e Obra prossegue, assim, a sua missão de estudo e edição do espólio de António Telmo

Já entregue ao editor Alexandre Gabriel, da Zéfiro, o Volume XI das Obras Completas de António Telmo, A Verdade do Amor precedida de Adriana, que viu a sessão do seu lançamento a 20 de Março, na Cooperativa Árvore, no Porto, ser cancelada por força da crise sanitária emergente, entrará no prelo assim que estiverem reunidas todas as condições necessárias. Do seu surgimento em público aqui daremos, oportunamente, a notícia que é devida.

Mormente nos tempos difíceis que se vivem, o contacto com os leitores é um imperativo que procuraremos cumprir o melhor possível. Daí a proposta de sucessivos textos, sobretudo inéditos, que se tem acentuado nesta nossa página digital nos últimos dias, e que culmina, já no dia de hoje, com a publicação de uma página autobiográfica de António Telmo, resgatada ao seu espólio, bem como de dois notáveis escritos, da autoria de António Carlos Carvalho e de Risoleta C. Pinto Pedro, dedicados ao nosso patrono, a cuja família, na pessoa da Dr.ª Maria Antónia Braia Vitorino, expressamos calorosamente a nossa gratidão.       

VOZ PASSIVA. 88

02-05-2020 00:07

Uma questão de linhagem

António Carlos Carvalho      

Não acredito em raças (entre humanos, só no caso dos animais, e mesmo assim …), mas sei que existem linhagens, que também não são de sangue, mas sim de espírito. Provavelmente, são as linhagens que juntam os amigos, que formam as amizades – essa forma de amor mais duradoura, e mais inexplicável, do que o próprio amor.

Com António Telmo tive uma relação de amizade tão forte que resistiu ao afastamento circunstancial entre nós, durante bastantes anos, eu em Lisboa e ele em Estremoz, eu sempre dependente de quem me levasse até lá, o que não era nada fácil.

Essa nossa amizade foi, do meu lado, igualmente sustentada pela admiração profunda, espontânea, desde a leitura do manuscrito de «História Secreta de Portugal».

Reencontrámo-nos em Sesimbra, primeiro em casa do Rafael Monteiro, e depois nas sessões na Biblioteca (que há muito se deveria chamar Biblioteca António Telmo), aí já em companhia da Cynthia. Com ele, era sempre o calor da amizade, da palavra sábia e da própria presença essencial.

Por causa de tudo isso, eu e a Cynthia rumávamos alegremente a Sesimbra, como quem faz uma peregrinação às fontes, às origens de uma certa forma de estar no mundo. Aquelas sessões e a presença de António Telmo eram o mais parecido possível com as antigas tertúlias que já não chegámos a frequentar – em vez dos cafés, o auditório de uma biblioteca, numa casa dos livros (esses outros amigos sempre disponíveis, à mão, ao alcance de um olhar mais atento e interessado).

De Sesimbra e desses encontros trazíamos sempre algum alimento, uma ideia, uma frase, um simples gesto significativo – essas pequenas-grandes coisas que nos confortam neste deserto, neste exílio em que nos foi dado viver.

A Cynthia ofereceu-lhe um quadro seu, «A Dama de Ouros», que o António Telmo expôs no seu escritório e diante do qual meditava, segundo nos confessou. Imaginei-o muitas vezes (continuo a fazê-lo, confesso também) sozinho no seu escritório-biblioteca, entre os livros e de olhos postos nos símbolos feitos pintura, num diálogo solitário. Porque António Telmo pertencia, pertencerá sempre, à linhagem dos grandes solitários, os grandes leitores e visionários que só encontram verdadeira companhia nas letras, nas palavras e nas imagens de outros como eles, marcados pelo mesmo signo, pelo mesmo sinal, pelo mesmo mistério.

Algum tempo antes do nosso Amigo partir, a Cynthia e eu oferecemos-lhe um livro, «As Lojas de Canela», de Bruno Schulz (1892-1942), escritor e pintor, judeu polaco, sabendo que ambos eram da mesma linhagem e que o encontro entre os dois seria uma verdadeira descoberta.

Um livro, entre muitas coisas, acaba por ser um traço perfeito de união entre almas da mesma linhagem. Solitárias, sempre, mas unidas com outras como elas. As almas daqueles que mais ninguém entende porque são radicalmente diferentes, únicos, incapazes de caber em qualquer prateleira de classificação em que os queiram arrumar. Só têm lugar nos sonhos e nos momentos especiais de uma vida, se tivermos essa sorte ou oportunidade.

E no Jardim do Paraíso, sob os ramos frondosos da Árvore da Vida.

(E agora, meu caro Amigo, vou acender uma vela com a chama das suas palavras. Em fundo, como uma música, teremos o silêncio que Elias ouviu quando procurou Aquele cujo Nome é impronunciável: um Nome absolutamente silencioso.)

VOZ PASSIVA. 87

02-05-2020 00:04

«As coisas das coisas»

ou os segredos da Gramática

Risoleta C. Pinto Pedro

Tenho nas minhas mãos a primeira edição da Gramática Secreta da Língua Portuguesa, de António Telmo, publicada em 1981 pela Guimarães. Este texto voltaria a ser publicado inserido nas Obras Completas, Vol. II, acompanhado de Arte Poética, o seu primeiro livro. Mas não o seu primeiro texto. Para recuarmos ao seu primeiro texto teremos de ir até ao quintal da sua tia em Alter do Chão onde, com seis anos, desenhava na branca parede alentejana, com uma ervinha verde, uma figura geométrica com que aprendia «a imaginar» e sobre a qual afirma:

«Tudo quanto escrevi, meus livros, emerge daqui.»

Logo, da imaginação à geometria (ou o contrário?), da geometria ao pensamento, do pensamento à razão poética, uma vida, uma obra.

Mas voltando à Gramática Secreta, destaca Dalila Pereira da Costa em recensão na Nova Renascença do Verão do ano da publicação, as palavras de Telmo, sintetizando o seu pensamento na correspondência entre os três parâmetros poesia, filosofia e profecia: «que a forma superior da razão é a poética, que há uma razão poética, binómio já de si iluminante.». São palavras do segundo parágrafo da Gramática Secreta de cuja citação Dalila omite as que se seguem e concluem a frase: «na condição de atribuirmos igual peso aos dois termos» e que são de uma importância essencial pois são elas que conferem a este filósofo o pensamento tão equilibrado que lhe conhecemos e que o poupa a alienações em que estes campos, quando mutuamente mal apoiados, normalmente desembocam: profecias vagas, superficiais, não sustentadas e inquietantes. Ele próprio escreve na Introdução à mesma Gramática que «as almas melancólicas são atraídas pelo esplendor de mistério […], mas também pelo jogo fácil e bizarro de imagens, aparentemente distantes, que se projecta, conduzido pela metáfora, no espelho das correspondências». Não é o caso de Telmo, e a si se aplicaria o que seguidamente ele afirma: «Nos espíritos mais experientes e adultos, o movimento das imagens obedece a leis precisas da razão poética». Ora uma das ferramentas base do rigor com que pensa as ideias é a Gramática. Daí a imperativa necessidade interna de um filósofo com este perfil ter escrito tal livro que se auto-justifica diversa e plenamente. Exemplifico, e aqui já o leitor começa a fazer a correspondência entre os primeiros desenhos do menino e o pensamento do filósofo, ficcionista e poeta que publica o seu primeiro livro, a Arte Poética, que já anunciava a Gramática, num momento de maturidade que toda a sua escrita reflecte. Sobre o mundo sensível, afirma:

«Pôde o leitor ver como foram aparecendo, a dar-lhe sentido, os inteligíveis: os números e as figuras. O movimento que organiza o sensível pelo inteligível é o pensamento. O pensamento pensa o mundo sensível e o seu movimento espelha-se na razão do homem que dispõe da palavra. É o acto do poder da palavra que edifica o mundo.»

O menino desenhava figuras que continham números escondidos, que anunciavam letras.

«Neste meio subtil que é a língua, o pensamento pensa-se a si próprio, e é por isso que os primeiros princípios são as letras-elementos da palavra humana, ecos remotos mais significativos do Verbo supremo.»

Daí, a importância que confere à identificação dos números, das figuras e das letras «pelo próprio  movimento que os distingue».

Por isso, Dalila chama a atenção, no seu artigo, para a afirmação de Telmo sobre uma genealogia da língua «que deriva de uma língua sobrenatural, pressentida pelos poetas, e, neste livro, tornada menos distante através da ‘árvore’ das letras». Telmo coloca em paralelo uma árvore genealógica terrestre (a que provém do latim) e outra celeste. Para isso vai estabelecer uma relação entre a tradição hebraica da árvore das safiras, como por vezes lhe chama, e a língua portuguesa, pela comparação dos sistemas fonéticos de uma e de outra.

António Telmo sabe que não está a inventar sobre o nada, mas, na minha opinião, brilhantemente a sistematizar e aprofundar, relacionando com a nossa língua, aquilo que filósofos e poetas há muito vêm pensando e escrevendo. Platão ocupa lugar privilegiado no final deste extraordinário livro. Onde dedica, também, um capítulo à “Guematria”, estudando a passagem do latim para o português, em cujo percurso se perdeu a relação dos números com as letras, explorando um pouco o que poderia ser «a gramática secreta da língua latina» através da relação matemática com a gramática.

Já ouvi dizer que este livro não é perfeito. Havê-los-á? Não o sendo, é fascinante e fundamental. Acima de tudo, é de imprescindível leitura a quem queira prosseguir nos seus próprios caminhos.

Alguns consideram que as letras, como as palavras, são pura convenção; há quem pense que são sinais das coisas e há quem as olhe com uma diferente profundidade considerando-as, para além de sinais, «as coisas das coisas», cheias do Espírito, do Verbo e da Voz, nas palavras do cabalista Jean Reuchlin. Por isso, há quem diga, como René de Tryon-Montalembert e Kurt Hruby, em A Cabala e a Tradição Judaica, que «as letras do alfabeto começam a cantar», e quem as ouve pode assistir à narração, através do alfabeto incandescente, do modo como foi iniciado o mundo no bailado da criação. O mundo sensível será, nesta perspectiva, uma dança.

É a coreografia desta dança que Telmo nos ajuda a tentar compreender e, quem sabe?, a tentar vislumbrar o próprio coreógrafo. Dança, oração, figura geométrica, equação, poema…

No livro acima citado, pertencente à biblioteca de António Telmo, conta-se a história que se segue. É uma parábola sobre as letras e sobre aquilo que encontramos designado em diversos textos de Telmo como o Génio da língua. Esse mesmo Génio implícito no pensamento e nas palavras de Cortesão quando escreve sobre a formação da nacionalidade: a língua enquanto manifestação de um génio e prévia ao território, que para ela passa a existir. A propósito disto, Cortesão fala mesmo na língua portuguesa como sendo ela um poema. Telmo explicou-o em forma de Gramática. Eis a comovente e deliciosa versão desta aventura metafísica da língua contada em A Cabala e a Tradição Judaica:

«Um estalajadeiro, após uma série de peripécias que agora não interessam, dirigiu a seguinte oração a Deus: «Mestre do Universo, Tu vês bem quanto o meu coração me pesa, pois não pude, neste dia santo, unir-me à comunidade para com ela rezar. Nem sequer tenho um ritual de que me possa servir! E também não sei as orações de cor. Mas vou fazer a única coisa que está ao meu alcance: vou pôr-me a repetir o alfabeto, com todo o fervor, como uma criança que ainda não sabe ler. E Tu, ó Deus! Tu te encarregarás de juntar correctamente as letras para com elas compores as palavras das minhas orações». Esta deliciosa história cheia de Graça e sabedoria, diz sábia e elementarmente todo o poder das potências que são os fonemas e as letras. António Telmo disse-o no ensaio filosófico que é a sua Gramática, e disse-o transversalmente em praticamente toda a sua obra.

Na ficção:

«Crátilo via naquela definição de Hermógenes o sinal inequívoco de ele estar de fora perante a ciência das letras, a antiquíssima ciência, outrora ensinada aos homens por Hermes. À luz dessa ciência, à qual os iniciados davam escondidamente o nome de “hermética” e os profanos o de “Gramática”, a palavra flor era a síntese de quatro fonemas, significativa do que era realmente a flor: um sopro de vida (o f) levantando (o l) o ser invisível da planta até à forma suprema de uma esplendorosa rotação (o o e o r).»

“A Primeira Figura do Tarot”, in: Contos Secretos.

 Também na memória:

«[…] o grão-de-bico no sapato tornando doloroso o andar: o R é o fonema mais vibrante. Platão dá-o como um símbolo de movimento. Dá forma a muitas palavras que exprimem, de facto, o movimento corrente, carro, rio, reumático, roda, e todos os seus derivados, etc. Todavia, onde a nobreza do fonema se torna bem evidente é quando aparece a iniciar e a compor, nas mais diversas línguas, as palavras que significam vermelho: Espanhol: rojo; Alemão: rot; Inglês: red; Francês: rouge. Em Português temos rubor, róseo, ruivo e vemo-lo em palavras relativas a vermelho, encarnado, escarlate, roxo

In: Páginas Autobiográficas

Ainda na poesia:

«Meu Deus, o que se escreve em vão/ Para encher a vida e o tempo!/ O espírito que move a mão,/ Como ela, é muito lento.// Preferes letra a fonema/ Pois sabes que vais ser lido./ Mas o essencial do poema/ Fica p’ra sempre perdido.// Seria bom ter a Ciência,/ Não ser só a mão que escreve./ Sei, contudo, em consciência,/ Que a arte é longa e a vida breve.// Entre o medo do secreto/ E a dor de o não viver/ Fiquei um analfabeto/Que sabe, porém, escrever.»

In: Poesia

INÉDITOS. 89

02-05-2020 00:00

O destino mais difícil de cumprir[1]

 

É costume explicar as relações hostis entre os irmãos pelo desejo de cada um deles ocupar o primeiro lugar no amor dos pais. Assim o mais velho, durante algum tempo sozinho no seio da família, teria visto os seus privilégios de unigénito divididos pelo segundo e, depois, pelo terceiro irmãos. O benjamim aparece numa altura em que o primeiro já tem idade suficiente para sentir a deslocação do afecto. Daqui uma mais profunda hostilidade do primeiro para com o último. Os relatos bíblicos de Isaac, Jacob ou José, os contos tradicionais, como a Gata Borralheira ou o Pequeno Polegar, descrevem esta constante de hostilidade dos irmãos ou irmãs mais velhos para com o último ou a última das filhas. Este é umas vezes o terceiro, outras o sétimo, outras o décimo.

Não creio que a explicação psicológica seja definitiva. Há aqui uma lei que reflecte relações entre princípios. A força do catolicismo reside em grande parte no facto de ver o filho como Unigénito. Na ideia da Santíssima Trindade não há elemento de conflito, ma suma harmoniosa processão de Pessoas que constitui o fundamento inabalável de um universo harmonioso. As heresias medievais ou opuseram o Filho ao Pai, ao Pai no qual ofitas e carpocracianos viram o demiurgo do mal criador do Mundo, ou identificaram o Espírito Santo com Santa Maria. A ideia de queda em Deus, inaceitável na visão católica do mundo, é defendida pelos gnósticos que, significativamente, põem no princípio sete ou oito arcanjos entre os quais se gera uma desarmonia, causadora da queda.

Ao primogénito corresponde o princípio de conservação, a Tradição do Pai. O mais novo é o elemento de revolta, representado mitologicamente por Satan. Todavia, na Bíblia, o pai abençoa consciente ou enganado o filho mais novo em lugar do mais velho. Os restantes irmãos seguem, em geral, o mais velho. Nos chineses, onde a tradição familiar é poderosíssima, o mais velho é que traz a luz, o cavalo fogoso, enquanto o mais novo é a porta de outro mundo. É mais um sinal de que as relações entre os pais e os filhos e destes entre si constituem a projecção dos primeiros princípios o facto do I King fazer corresponder os oito trigramas principais ao Pai e à Mãe, aos Três irmãos e às Três irmãs.

Abro esta autobiografia com estas reflexões porque a lei de acção e reacção que liga o benjamim ao primogénito é um dos elementos simples que constituem a grande lei que rege a minha existência e a dos outros homens.

Nasci com o sol no segundo decano do signo do Touro. O meu Pai nasceu no segundo decano do signo da Virgem; minha Mãe no signo Escorpião a 14 de Novembro. O segundo dos meus irmãos nasceu também em Escorpião, primeiro decano, 25 de Outubro, a quatro dias do primeiro dos meus irmãos, que ainda é do signo da Balança, mas já sofre enorme influência do signo seguinte.

Nasci, pois, do outro lado da família.

É este o destino mais difícil de cumprir, se quisermos manter, apesar da zenital oposição, a totalidade das relações.

O indivíduo que eu sou beneficia da posição do Sol na casa nona, a casa da gnose e da Viagem, do esplendor da Lua em Touro no Zénith, do favor de Vénus na décima casa. Júpiter está benigno em Peixes. Urano na casa oitava, em Carneiro, Marte retrógrado e desacompanhado em Cancer, Saturno, também desacompanhado na casa dos ancestrais, parecem ser inquietantes sinais de desarmonia. Neptuno na casa XII avisa contra “inimigos ocultos”.

Vieram sete fadas… e a má…

Assim começam todas as histórias verdadeiras. Mas sem a má não se manifestariam os dons concedidos pelas outras.

 

António Telmo



[1] Nota do editor – O título é da nossa responsabilidade.

 

INÉDITOS. 88

01-05-2020 11:34

Leonardo Coimbra, filósofo exemplar[1]

 

A ideia de uma queda no Divino, explícita em Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, restaurada por José Marinho com a noção de cisão em Deus, oculta ainda em Álvaro Ribeiro, mas exigida por quem queira ter uma compreensão lúcida do seu pensamento, mostra que a “gnose”, após quatrocentos anos de latência ou adormecimento, volta a ressurgir na poesia e na filosofia portuguesas como o sinal irrecusável da nossa visão do mundo. Uma única, enigmática excepção: Leonardo Coimbra. O espontâneo sentido da beleza da Criação e da presença nela do Divino, uma grande generosidade que o atraía para a ideia de que o Divino é no encontro fraterno das mónadas, mais do que um Ser é uma Relação, levaram Leonardo Coimbra a desviar de seus pares, mas, porque lhe era impossível perdê-los de vista, concebeu, no cruzamento do catolicismo com a gnose, uma das mais difíceis filosofias, cujo segredo não será nunca suficientemente interrogado.

Leonardo Coimbra é o nosso filósofo exemplar.

 

António Telmo



[1] Nota do editor – O título é da nossa responsabilidade.

 

CORRESPONDÊNCIA. 47

30-04-2020 11:36

Carta de Dalila Pereira da Costa para António Telmo, de 3 de Novembro de 1981

 

Porto, 3-XI-1981

 

Querido Amigo António Telmo

 

Não se preocupe com faltas de respostas a cartas; o silêncio é também uma forma de diálogo, ou comunhão, quando duas pessoas estão tão ligadas como nós, pelo mesmo amor à pátria e serviço a ela, que nos ocupa a vida inteira. Nossa gratidão mútua, deve ser só por esse serviço, mútuo. Está sempre tudo muito bem.

Ainda, desculpe se a leitura de seu belo livro teve de minha parte muitos erros. Ele estava, no seu conhecimento, profundo, para além, e muito, da minha competência.

Este fim de Setembro, dei umas voltas pelas redondezas do Douro, a certos lugares sagrados: e na igrejinha românica (séc. XIII) de S. Pedro de Tarouca, lembrei-me muito de António Telmo. No túmulo do Primeiro Conde de Tarouca, D. João de Menezes, (general de Arzila e Tânger e das Armadas do Oceano, etc.) – há no alto dois medalhões de navegantes, perturbantemente semelhantes aos do grupo do lado Sul do Claustro dos Jerónimos, estudados por si[1] (e nestes, ao de Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama). Não sei de quem é o trabalho do túmulo: procurei em Reinaldo dos Santos, Vergílio Correia, etc., e não encontrei. Vá lá um dia ver: a igreja é uma beleza.

Gostei muito de receber e ler sua carta. Votos para seu novo trabalho sobre a Ilha dos Amores[2]: o omphalos dos portugueses.

Aqui junto lhe vão estes jardins[3].

Queria que eles fossem mensagem de alegria, esperança e fé.

Não pense em escrever-me, agradecer, etc. O que vale é o seu tempo consagrado a seu trabalho.

Um abraço de sua amiga, fraterna e dedicada,

                                                        Dalila

 

Ando tentando seguir um percurso português: da Serpente (a do neolítico e de Ofiussa) até à Imaculada (a do Rei da Restauração): às apalpadelas nos cafundós do nosso passado[4].

 

[Carta manuscrita.]



[1] Na História Secreta de Portugal.

[2] Referência ao que viria a ser o livro Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões, de António Telmo, publicado no ano seguinte, em Lisboa, com a chancela da Guimarães. Pode hoje ser lido no Volume III das Obras Completas de António Telmo, Luís de Camões e o Segredo d’Os Lusíadas seguido de Páginas Autobiográficas, editado pela Zéfiro em 2015.

[3] Referência ao livro Os Jardins da Alvorada, de Dalila L. Pereira da Costa, que nesse ano de 1981 saíra a lume com a chancela de Lello & Irmão - Editores.

[4] Desta investigação viria a resultar o livro Da Serpente à Imaculada, editado por Lello & Irmão em 1984.

 

VOZ PASSIVA. 86

30-04-2020 11:30

[Recensão a Gramática Secreta da Língua Portuguesa][1]

Dalila Pereira da Costa[2]

 

 

Título: Gramática Secreta da Língua Portuguesa

Autor: António Telmo

Edição: Guimarães & C.ª, Editores

Lisboa, 1981

 

Este livro, agora surgido, continuará a linha perscrutadora do Autor sobre o ser português, já iniciada e seguida pelos seus anteriores livros: Arte Poética, História Secreta de Portugal, nos quais se prossegue uma «visão que, até agora, se exceptuarmos alguns apontamentos de Sampaio Bruno e de outros pensadores, onde ela se demorou breves instantes, apenas recebeu uma expressão cifrada», como se declara a página 23 daquela segunda obra. O nódulo central que guia e justifica este trabalho pátrio levado a cabo fielmente através desses livros, estará ainda dito explicitamente nas palavras da contra-capa deste mesmo livro: e elas serão indispensáveis de citar, para uma abordagem, mesmo muito breve, desta sua última obra agora surgida. «Há uma história oculta de Portugal. Não dizemos isto no sentido em que de tudo se pode afirmar ter um aspecto oculto. Pensamos que houve entre nós (senão connosco) uma organização esotérica que, de uma maneira perfeitamente consciente e intencional, procurou a partir desta Pátria, a que deu existência, redimir o mundo do mal e da divisão». E será esta a história à qual nos teremos de reportar para qualquer tentativa de vislumbre do problema do ser português, como seu segredo.

Na tenção providencialista e esperançosa que estará inclusa e concedida na história de Portugal desde seu início, desde sua entrega, como missão, nas mãos de seu Fundador, estará também inclusa esta obra redentora, desde então visando um carácter ecuménico: o Quinto Império. Obra de unificação e reintegração na terra, iniciada à dimensão universal pelos Templários, depois Ordem de Cristo, ela teria sofrido, a partir duma certa data – e aqui marcada exactamente, 1513 – uma paragem, queda ou frustração. E esta finalidade, justificadora de toda uma história nacional, e suas linhas de força, não estará escrita numa linguagem dada a ver, às claras, nos documentos ou trabalhos de carácter estritamente historicista, mas escrita numa linguagem simbólica que, tal como a de Apolo, o deus da profecia, cultuado e escutado em Delfos, «não diz nem esconde, significa», segundo Heraclito.

Nesta linguagem cifrada, para a clarividência de António Telmo, a sua primeira expressão será de carácter arquitectónico, o «manuelino», e a segunda de carácter poético, através da obra dos poetas galegos e portugueses e, supremamente, através da obra de Camões, Os Lusíadas e ainda sua lírica; continuada por P.e António Vieira, Pascoaes e Pessoa profeticamente, será sobre ela que aqui incidirá esta hermenêutica: como sobre um testemunho deixado e transmitido através duma corrente de iniciados desta Pátria. A última fase deste testemunho, a Mensagem, construindo-se sobre a ideia do Quinto Império, dará ainda continuidade, nos nossos dias, «à demanda do centro invisível do mundo, sem a qual o Quinto Império não será mais do que uma miragem» (op. cit., p. 119).

E ainda, nestas páginas, se lembrará que «neste povo hipnotizado pelo transcendente, a ordem dada foi a que manda realizar a Monarquia Universal» (pág. 28).

Julgamos ter sido necessário lembrar estas palavras, antes de abordar o livro de António Telmo recentemente surgido, para dar uma visão global da tenção da sua obra, toda ela fielmente como serviço à sua Pátria.

Agora, neste ciclo histórico presente, a expressão da finalidade transcendente de Portugal estando «apenas confiada aos poetas e filósofos da profecia», é natural que este investigador exemplar se curvasse sobre o instrumento eleito desta expressão, a língua portuguesa. E ainda, seguindo o seu princípio, aqui logo declarado na Introdução da Gramática Secreta da Língua Portuguesa: «que a forma superior da razão é a poética, que há uma razão poética, binómio já de si iluminante».

«Neste meio subtil que é a linguagem, o pensamento pensa-se a si próprio», e assim aqui se procurará nas suas letras-elementos, os «ecos remotos mas significativos do Verbo supremo». Porque, assim como haverá aqui uma história profana explicitamente e outra história secreta ocultamente escrita em cifras, também para a linguagem haverá duas genealogias. «Se o português, provém, como entende a maioria, do latim e as palavras portuguesas têm, na generalidade seus étimos nas palavras latinas, tal ‘genealogia’ compõe-se com outra, mais alta, que deriva de uma língua sobrenatural, pressentida pelos poetas, e, neste livro, tornada menos distante através da ‘árvore’ das letras. Teremos, pois, uma árvore genealógica terrestre e uma árvore genealógica celeste. Do encontro das duas raízes surgiu a língua portuguesa» (pág. 7). E António Telmo, pela primeira vez na espiritualidade portuguesa, estabelece a relação entre a tradição hebraica da Árvore dos Sephiroth, e esta língua. Os dez princípios ou atributos divinos representados na Kabbalah, e que formam a estrutura interna do mundo visível e invisível, vão-lhe permitir uma equivalência entre o sistema fonético português e este sistema hebraico dos sephiroth; assim, «a fonética portuguesa é a demonstração de que cada língua possui uma estrutura sagrada!» (pág. 28). Se a «árvore» surgiu da «contemplação de sábios e de santos», esta sabedoria suprema se reflectirá perfeitamente nas línguas reais. E também aqui se criarão aquelas palavras portuguesas, já apontadas pela intuição de Pascoaes, como as mais específicas e singularizantes do ser português: ermo, oculto, remoto… palavras crepusculares. «Dir-se-á, pois, que o povo português, no extremo ocidente da Europa, é também na língua o povo do entardecer. Se a noite, o abismo se situam qualitativamente na 10 Sephira, ali onde impera o u, vogal escura e nocturna, e o invernal R, já a manhã, o sol nascente, a luz que desponta e irrompe da fonte suprema devem referir-se ao mundo da emanação» (pág. 51).     

Aqui, tudo se traduzirá por uma predominância das vogais e destruição das consonantes: o que aproximará a língua portuguesa de «aquela língua à qual a simbologia chama a língua dos pássaros ou dos iniciados» (pág. 53). O que confirmará ainda uma das nossas mais altas e remotas vocações tradicionais: de ser terra de iniciação, neste extremo ocidental.

Terminaremos esta rápida aproximação da obra de António Telmo citando ainda as suas palavras na última página da História Secreta de Portugal: «Tudo está em atribuir ou não à acção gigantesca que os «iniciados» cifraram nos Jerónimos uma repercussão que, subitamente, se revele nos seus efeitos adiados por um longo período de adormecimento. Tudo está para o indivíduo português em acreditar nisto ou não e, em caso positivo, em assumir conscientemente as consequências de uma sempre possível frustração».   

 


[1] Nota do editor – Publicado originalmente in Nova Renascença, Volume I, n.º 4, Porto, Verão de 1981, pp. 453-455.

[2] Nota do editor – Assinado com as iniciais “D. P. C.”.

 

INÉDITOS. 87

28-04-2020 22:02

L. e T. de Pascoaes

 

A amizade entre estes dois homens não foi importante somente para eles, mas mais ainda para todos nós, porque nela e dentro da mais séria e compreensiva atitude da alma se cruzaram duas das orientações cardiais do pensamento português. São o maniqueísmo (Pascoaes) e o cristianismo (Leonardo) que, confrontado com os problemas que aquele lhe põe, se coloca à suficiente distância do cristianismo de estado para poder encontrar o seu caminho de reflexão e de liberdade. As duas outras orientações cardiais são esse mesmo cristianismo de estado, assegurado pelas instituições laicas e religiosas, e várias formas de materialismo e de racionalismo ateu que tem com o primeiro mais afinidades do que em geral se supõe.

Damos as quatro direcções do esquema espacial. Na obra de Leonardo Coimbra, constantemente se verifica que o seu pensamento se forma reagindo perante estas três arestas e, se digo perante e não contra, é porque procurou integrar aquelas três orientações na sua própria orientação, lutando, num dos lados, por um catolicismo renovado, noutro por uma razão científica criacionista, noutro ainda por uma conciliação que é, afinal, a expressão de uma profunda afinidade, quer o dualismo invencível dos novos maniqueus não deixa realizar-se plenamente.

Deveria, talvez, dizer gnósticos em vez de maniqueus. O maniqueísmo é uma variedade da gnose. Esta palavra é a que, segundo Leonardo Coimbra, caracteriza o pensamento de Teixeira de Pascoaes.         

Temos, pois, Bruno, Antero e Pascoaes, do lado da “gnose” e Leonardo profundamente interessado neles.

Bruno é um representante, entre nós, da gnose judaica. Nele se repercute o pensamento de Isaac Luria, filtrado pelas reflexões sobre o pensamento contemporâneo: Leibniz (Amorim Viana), Schelling, Darwin, etc….

Antero vai ligar-se ao budismo tal como foi refractado pela filosofia nórdica.

Pascoaes é de pura inspiração portuguesa, um Prisciliano renovado e casto, um maniqueu naturalista.

Há ainda António Sérgio e a sua relação com a Índia, étnica (era goês) e espiritual, o pensador do “uno unificante”, mas nele há uma radical repulsa em combinar a Razão com a Fé. Um espírito quezilento que se comprazia em aborrecer os descobridores do espírito, aqueles que para atingir uma estrela embarcam no que lhes parece, na ocasião, o melhor barco – razão, imaginação, intuição – e só depois de estarem em pleno oceano é que põem a funcionar o astrolábio. Claro que confiam em quem fez os barcos. Mas um barco serve para descobrir e não para ficar ali pregado como se fosse de pedra e cal, uma espécie de prisão maçónica, onde, contando os dias, se passam as horas sempre iguais a brincar à ciência ou à religião.    

 

António Telmo

INÉDITOS. 86

28-04-2020 19:58

Sampaio Bruno, filósofo exemplar[1]

 

O medo que certos espíritos, deste ou daquele modo interessados em sair, têm da gnose poderá também levá-los a reflectir que não é possível tocar, só que seja, o limiar do conhecimento divino sem que se sintam estremecer os alicerces da nossa percepção comum onde se instalara a relativa segurança do não ser. Apoderou-se de Jacob o pavor: “Esta, disse, é certamente a casa de Deus.” Estamos defendidos pelos muros da própria prisão.

Há, porém, uma razão mais válida contra a gnose. É a impossibilidade de admitir que o mundo visível, criação maravilhosa de Deus, seja uma prisão. Este sentido da presença do divino na natureza e, portanto, de uma liberdade imanente às coisas e aos seres é muito agudo nos portugueses. Não obstante, a nossa mais alta e representativa poesia, desde Camões a Pascoaes e a Pessoa, tem como dominante o sentimento do exílio, do distante no tempo e no lugar, do Paraíso perdido. Aqui aparece Sampaio Bruno como o filósofo exemplar dos portugueses; ali é Leonardo Coimbra.                

 

António Telmo



[1] Nota do editor – O título é da nossa responsabilidade.

 

EDITORIAL. 21

25-03-2020 18:52

Dias de espera em tempos de Esperança

 

É de todos sabido o momento, entre dramático e trágico, que Portugal e o mundo estão a viver.

Este quadro circunstancial havia já ditado o cancelamento da sessão de lançamento do Volume XI das Obras Completas de António Telmo, A Verdade do Amor precedida de Adriana, que iria ter lugar, no passado dia 20 de Março, na Cooperativa Árvore, no Porto, e em que se apresentaria também a primeira edição completa da Vida Conversável, de Agostinho da Silva e Henryk Siewierski, lançada em Lisboa a 24 de Janeiro, ambas as obras trazendo o selo da Zéfiro.   

Foi isto há duas semanas. De lá para cá, toda a vida cultural pública do país parou. Disso mesmo se ressentiu largamente o surgimento de Portugal, Razão e Mistério – A trilogia, livro de António Quadros posfaciado por Pedro Martins, do nosso Projecto, que ia ser lançado no passado sábado, na sede da Fundação António Quadros, em Rio Maior, e que tinha já igualmente definidas, ainda no mês em curso, sessões de apresentação no Porto e em Lisboa, com a participação de outros membros do PAT.VO: Paulo Samuel e Miguel Real, respectivamente.

Provavelmente a obra que mais e melhor dialoga com a História Secreta de Portugal, de António Telmo, Portugal, Razão e Mistério, agora ressurgido pela vontade inquebrantável de Mafalda Ferro, havia inclusive chegado às principais redes portuguesas de livrarias com destacada pujança. O que, num só trimestre, prometia ser um movimento editorial como havia muito se não via no seio da Escola Portuense, com a saída a lume de novos livros de Agostinho da Silva, António Telmo e António Quadros, foi subitamente eclipsado pela sombra duradoura de uma dura incerteza a que importa, porém, responder com a virtude da esperança, na espera de um recomeço.

Não iremos parar. Encontramo-nos a transcrever um conjunto de escritos inéditos do nosso patrono, e bem assim a correspondência que Dalila Pereira da Costa, ao longo de décadas, lhe dirigiu e se guarda hoje no espólio do filósofo. Tudo isto se destina ao dossier especial que a revista NOVA ÁGUIA irá dedicar a António Telmo no seu próximo número, a ser lançado no segundo semestre deste ano de 2020 em que, a 21 de Agosto, se assinala o décimo aniversário da sua partida, e que irá, por certo, receber ainda a colaboração de vários membros do nosso Projecto.

Entretanto, procuraremos intensificar o ritmo das publicações nesta nossa página digital, reforçando assim os laços com os leitores, que são afinal a nossa razão de ser. Serão de guerra, segundo dizem alguns, estes dias, que por ora ainda correm sob o signo de Marte, ou de Março. Mas deste mês são também algumas datas que, como efemérides, evocam figuras luminosas e magistrais do universo télmico: Álvaro Ribeiro (nascido em 01.03.1905), Dalila Pereira da Costa (nascida em 04.03.1918 e falecida em 02.03.2012) e António Quadros (falecido em 21 de Março de 1993). A todos eles, de alguma forma, os evocamos, nos novos textos inéditos que o leitor aqui encontra hoje publicados.  

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